terça-feira, 4 de outubro de 2016

Para Boulos "a institucionalidade não é o único espaço da política”

Guilherme Boulos em marcha que protestava contra a falta de água no estado de São Paulo


“Um massacre midiático, jurídico. Houve um trabalho para dizimar o PT. Poucos partidos não seriam destruídos com uma campanha dessas. Era esperado que o PT sofresse com isso, o antipetismo foi disseminado no país”, afirmou.

Boulos, porém, avaliou que “o PT sai enfraquecido, mas não foi dizimado”. E que precisa, com os demais atores da esquerda – movimentos sociais, sindicatos, movimento estudantil, demais partidos –, retomar as bases de um projeto pautado em superar o atual sistema político. “A esquerda tem condições de construir uma alternativa coerente a esse sistema político, que está falindo, com a radicalização sobre a democracia. De confrontar os efeitos da crise econômica sobre os mais pobres, com um programa de reformas populares e estruturais. E não tomar a institucionalidade como o único espaço da política”, afirmou.

Para ele, compõem esse raciocínio dois outros fatores: o crescimento do Psol, que disputará a prefeitura do Rio de Janeiro e de Belém no segundo turno, e o maior índice de abstenções e votos brancos ou nulos da história em várias cidades. “O que está em jogo é uma perda de credibilidade do sistema político. Os números da eleição mostram uma profunda insatisfação social com esse sistema político, que ainda não foi vocalizada na construção de alternativas, mas que é um contrapeso a esse avanço da direita”, afirmou Boulos.

A alternativa que a esquerda tem de apresentar, na opinião do militante sem teto, são novas formas de se fazer política, com maior participação social, valorizando as ruas e os espaços de decisão popular. “Dizem que a esquerda está sem resposta, que o programa da esquerda se esgotou. Mas dizem isso considerando os 13 anos de governo petista. O programa da esquerda, com as reformas estruturais, nem sequer foi colocado efetivamente neste tempo. Esse discurso apareceu apenas em setores muito minoritários”, ponderou.

Para ele, a eleição de João Doria (PSDB) à prefeitura de São Paulo é, em parte, resultado desse esgotamento do sistema político, que leva as pessoas a buscar aqueles que negam a política. Mas que logo deve ser desmascarado. “Há uma crise brutal de representatividade. E quando chega alguém dizendo ‘eu sou de fora’, isso pode captar o sentimento do povo nesse sentido. Mas que logo vai ser traído, porque o Doria, por exemplo, representa o que há de mais velho na política. Quem acreditou no discurso dele de novo vai se desiludir novamente”.

O militante sem teto não descarta que possa haver uma escalada repressiva contra os movimentos sociais, considerando a aliança que haverá entre município e governo estadual, administrado pelo também tucano Geraldo Alckmin, em São Paulo. Mas ironizou a afirmação de Doria, de que não permitirá ocupações na capital paulista.

“O que é importante é que saibam que de nossa parte não vai haver recuo. Como assim não vai poder fazer ocupação? Tem déficit habitacional, desemprego crescendo, população não consegue pagar aluguel. Ninguém vai pedir licença pro Doria pra fazer ocupação, ele não tem de admitir ou não. Os conflitos sociais, principalmente com o avanço da crise econômica, se agravam. E da parte do MTST, e estou seguro que da maioria dos movimentos sociais, garanto que não vai haver recuo”, concluiu.
 
 
Fonte: Rede Brasil Atual
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