segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Rodrigo Maia é a peça chave do metagolpe.

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Foto: Beto Barata / PR (03/10/2016)
Por Tadeu Porto*, colunista do Cafezinho
Hoje eu acordei meio Luis Nassif, doido para montar um Xadrez sobre o “Iphangate” e suas consequências.
Assim que Calero saiu escrevi um texto argumentando, basicamente, que o ex-Ministro da Cultura saiu por algum tipo de racha no PMDB. Pois bem, o desenrolar da crise “La vue” culminou em diversas consequências, todavia, destaco duas declarações altamente reveladoras que corroboram com a mini teoria da conspiração que criei há seis dias.
Primeiramente, [fora] Temer disse a colunista do Estadão, Eliane Cantanhêde, que Calero pode ter agido por influência de “amigos do Rio de Janeiro” (quem são eles e quais seus objetivos?). Em segundo lugar, Geddel declarou ao porta voz extraoficial do governo, o jornalista Jorge Moreno, que caiu numa armadilha do Moreira Franco, a “cama de gato do gato angorá”.
Ficou mais evidente, assim, que os “amigos do Rio” decidiram enfrentar o núcleo duro governista, contando com uma a traição interna corporis de Franco. Justamente essa jogada traz à tona um novo capítulo no xadrez: Rodrigo Maia, genro de Moreira, tentará ser Presidente da República. Com isso, o PMDB carioca se aproxima de DEM e PSDB pelas mãos do estado do Rio de Janeiro para derrubar Temer.
Vamos aos motivos:
1) Moreira Franco foi o primeiro político ameaçado, abertamente, por Eduardo Cunha quando este foi cassado. Sendo assim, o ex-governador do Rio precisava de contra atacar para se salvar e resolveu partir pra cima do irmão siamês do ex-presidente da câmara, Michel Temer (afinal, Temer é Cunha e Cunha é Temer);
2) A jogada de Moreira é incrível (o gato angorá é danado): derruba Geddel com duas hipóteses: na primeira, Temer resiste e Franco pega a vaga do baiano e o Foro Privilegiado. Na segunda, Temer cai junto com Geddel e ninguém mais, ninguém menos que seu próprio genro, Rodrigo Maia, assume a presidência interinamente;
3) Maia é uma figura mais jovem e muito menos saturada que Michel Temer e faz parte do DEM partido bem mais próximo do PSDB, que parece estar muitíssimo interessado no golpe além do golpe, o “metagolpe”;
4) O filho do César Maia certamente deve contar tanto com o poder do PMDB-RJ para derrubar Temer (a influência de Picciani é inegável) quanto com Mendes (simpático ao PSDB) para cassar a chapa completa Dima/Temer no TSE;
5) Rodrigo foi o candidato escolhido pelo establishment da câmara contra o poderoso Centrão de Eduardo Cunha (representado por Rogério Rosso). Sendo assim, a disputa “Maia x Cunha/Temer” já está aberta desde a sucessão para presidente da câmara;
6) Maia está comprando o desgaste - imenso - de salvar a pele de mais de 300 deputados com a emenda de anistia ao caixa 2. Se conseguir sair dessa disputa ileso, ganha muita moral para vencer uma eleição indireta, facilitada pelo fato dele já estar no cargo e poder montar uma equipe de ministros (e ministras, pois ele não vai ser burro como o Michel) no sentido de negociar os cargos em busca dos votos. Curiosamente, logo após a queda de Geddel, Temer mudou de posição e sinalizou que vai vetar a anistia, ou seja, estava do lado do deputado do DEM e não está mais;
7) A cartada de Temer - que de traição entende bem - foi convocar Maia numa coletiva onde tenta tirar do atual presidente da câmara o poder de “comprar” centenas de deputados com a anistia. Vamos acompanhar essa entrevista conjunta de perto, dependendo do resultado volto a escrever ainda hoje sobre o assunto.
E assim o Paraná vai fazendo escola e a República do Rio de Janeiro vai se articulando para derrubar um presidente. Temer perdeu muito tempo brincando de House of Cards e seus amiguinhos da cidade maravilhosa migraram logo para o Game of Thrones. Bom, pra mim, cinco livros batem quatro temporadas!
Façam suas apostas!

*Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense
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