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Dirceu é uma rocha. Por isso incomoda tanto, mesmo preso, mesmo proscrito da vida pública. Dirceu carrega uma simbologia insuportável para a elite fraca brasileira: ele tem biografia. E é uma biografia cinematográfica em todos os sentidos.
José Dirceu lutou contra a ditadura. Com seus 22 anos, organizou o imenso e impactante congresso em Ibiúna, em 1968, como líder estudantil e lá foi preso. Libertado em troca do embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado justamente para ser 'trocado' pelos presos políticos da ditadura, seguiu para o México e depois para Cuba, onde fez treinamento de guerrilha e ficou amigo de Fidel Castro.
Dirceu fez uma plástica para voltar ao Brasil clandestinamente e continuar lutando pela volta da democracia. Casou-se e constituiu família com sua outra identidade, identidade esta adotada também em razões de segurança: seus familiares e laços seriam fatalmente perseguidos pela ditadura, tão logo o regime tivesse informação correlata.
Trabalhou honestamente, tendo que controlar espiritualmente toda a sua história de luta e sua própria identidade. Quem tem uma força assim? Não bastasse, no processo de redemocratização do país, reassumiu sua identidade real e revelou à família - que o apoiou e o admirou mais ainda. Quem tem uma biografia dessas?
Construiu um partido junto com Lula, foi – e é – o mais leal amigo de luta e de causas de Lula, e manifesta sua eterna gratidão e admiração pelo metalúrgico que encantou o Brasil e o mundo com sua inteligência e generosidade. Dirceu deixa claro: se preciso, morre por Lula e pelo país. Deixou isso claro, aliás, com sua biografia, não apenas na entrevista histórica que concedeu hoje à Folha.
Uma biografia dessas é um soco na elite covarde que foge ao primeiro sinal de perigo real, como sempre fugiu. Conviver com um ministro desses, inteligente, estrategista, forte emocionalmente, que sabia exercer o poder e que era leal ao presidente Lula foi um trauma colossal para a elite política que habitava e voltou a habitar Brasília.
Roberto Jefferson sentiu-se tão menosprezado e inferiorizado a Dirceu nos idos de 2005 que sua única opção foi inventar o mensalão para a mesma Folha e desencadear um processo emocionalizado de vingança coletiva e judicial no país.
Dirceu é a froça encarnada. Vai para a prisão com mais altivez que a maioria absoluta dos políticos covardes que compõem a cena brasileira de turno. Pense em um Geddel chorando e implorando para ficar solto. Pense em um Aécio chorando e bebendo, com seus medos múltiplos e inconfessáveis.
Pense em um Eduardo Cunha, em um João Santana, em um Marcelo Odebrecht – aliás, todos convíveres de Dirceu na prisão. Nenhum deles tem um milésimo da força espiritual e mental de José Dirceu de Oliveira e Silva.
Hoje, Dirceu voltou a aparecer para o país como aquilo que ele realmente é: um homem dotado de extrema coragem e profundo sentido de nacionalidade e humanidade. Dirceu entra para a história como mais um preso político, preso político pela segunda vez, porque resolveu lutar contra as injustiças e o arbítrio que massacra o Brasil desde sempre.
Dirceu tem vida interior, ele não precisa dos prazeres mundanos para dar cabo das saciedades frívolas da elites nacionais. Ele não teme a solidão, não teme o isolamento, não teme o inimigo político-judicial. Ele tem conteúdo em sua própria cabeça para resistir com dignidade ao arbítrio que sofre juntamente com seus pares de luta democrática.
José Dirceu sabe: vai produzir na prisão. Quem habita a vida simbólica com o devido respeito e dignidade não hesita diante de uma dificuldade qualquer imposta por próceres do judicialismo persecutório. Dirceu fará mais uma histórica limonada com a violência que se lhe é imposta.
(Trechos de um texto de Gustavo Conde, no 247 / Postado por Emanoel Messias)
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domingo, 22 de abril de 2018
A força mental de José Dirceu de Oliveira e Silva.
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