sábado, 19 de maio de 2018

Ciro ainda não tem tamanho para acordo com Lula.

aceno


Não encontro lógica – e também nenhuma relevância – neste debate nas redes sociais onde se enxerga uma polarização na esquerda entre intenções de voto em Lula e em Ciro Gomes.
Ambos têm situações diferentes, estratégias diferentes e visam, no curto prazo, objetivos diferentes.
Quando comentei a pesquisa CNT/MDA, divulgada segunda-feira, destaque, talvez sem a ênfase necessária, que o  crescimento  de Ciro Gomes está, hoje, mais na fase do “possibilidade de voto” do que de intenção de voto, definida, propriamente dita.
Tanto é que Ciro, na pesquisa espontânea, atinge apenas 1,7% das escolhas, o mesmo que na edição anterior, muito abaixo de Lula, que tem 18,6%.
Mas cresce de 22% para 31% na pergunta sobre se ele é um candidato em quem o eleitor poderia votar.
Ciro não está, ao menos neste momento, disputando o eleitorado lulista no aspecto ideológico e talvez nem se habilite a tanto.
Talvez, neste instante, esteja se concentrando em dois eixos, dos quais só um interfere sobre Lula: a atenção que está dando a possíveis acordos no Nordeste, onde só tem forças próprias no Ceará, mas não na Bahia e em Pernambuco, outros dois maiores colégios eleitorais da região.
Quem quiser encontrar a razão do encontro, hoje, de Fernando Pimentel e os governadores Rui Costa (PT-BA) e Paulo Câmara (PSB-PE), procure aí.
O segundo movimento de Ciro é o de capturar parte do “Centrão”, que não vê futuro em nenhuma candidatura não parece querer o eterno abraço com o PSDB, minguado como nunca na candidatura Alckmin.
Ciro ainda não tem tamanho para um acordo com Lula e sabe disso.
Lula, por sua vez, não tem a menor possibilidade de dar a Ciro, de bandeja, uma carta branca para falar em seu nome, e talvez não venha a ter, tão cedo.  É o que explica o “recado” que manda para que os “apressadinhos” do PT façam acenos ao candidato do PDT, claro que muito interessados em suas próprias candidatura e pensando o processo eleitoral pela lógica dos liberais.
Lula não pode aceitar asua “deposição” como candidato, menos ainda ostentando a posição de favoritismo que possui, apesar de ser dado como “carta fora do baralho” pela mídia.
Não o pode fazer juridicamente e sabe que não deve fazê-lo politicamente.
Só mesmo os “muy amigos” comentaristas da imprensa é que acham importante correr com alianças que só se definem – e quando muito – ao final das convenções partidárias.
Quem estiver esperando que lhe caia no colo o espólio do ex-presidente, que tire seu cavalo da chuva.
Ciro e Lula sabem muito bem disso, tanto que, inesperadamente, reagiram da mesma forma à ideia de tornar um imaginário indulto ao ex-presidente como uma contradição: indultar a quem se proclama inocente e nem mesmo está definitivamente condenado.
Muita calma nesta hora, porque a eleição é em dois turnos e, ao menos pelo que indica o quadro até agora, todos eles e mais uma vasta fauna política estarão juntos, a prevalecer a tendência de que, na direita, venha a ser Jair Bolsonaro quem vá ao segundo turno.

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