![]() |
No tempo em que ligávamos para os ditos populares, havia um que, mesmo inexistindo na Bíblia, era frequentemente atribuido ao próprio Jesus Cristo: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”.
Mutatis mutandi, talzez se pudesse dizer também: “dize-me quem fala e te direi o que é”.
Não há como fugir disso quando vejo as coberturas jornalísticas sobre os documentos da CIA que atribuem a Ernesto Geisel e a João Figueiredo a responsabilidade de ordenar assassinatos políticos nos anos 70.
Não há destaque maior que nos veículos das Organizações Globo, as grandes beneficiários do regime militar e seu cúmplice em todas as monstruosidades que se cometeram àquele tempo.
É evidente que a revelação é grave e os fatos, estarrecedores.
Mas não são pauta política, são história, a ser aprendida e evitada.
Os militares de hoje, na alta hierarquia das Forças Armadas, eram cadetes , aspirantes ou, no máximo, tenentes.
Não têm de responder pelos crimes de seus “antepassados” de caserna.
A única obrigação que têm sobre isso é a de impor tão profundamente nos quartéis o respeito à Constituição, às leis e à liberdade política que jamais possam se repetir aqueles crimes bárbaros.
Mas, contra isso, os jornais que se escandalizam contra aquilo que todos sabiam e fingiam não saber não abrem suas bocas e suas páginas.
É grave, gravíssimo o que está acontecendo na formação dos jovens militares sob o clima de golpismo que a mídia e o Judiciário implantaram no Brasil.
O circular escandaloso de Jair Bolsonaro por academias militares e quartéis com seu discurso brutal foi e é um absurdo contra o qual os chefes militares e a mídia jamais se indignaram.
O uso político das Forças Armadas – pelo menos mitigado pela postura sóbria do general Braga Neto – na “jogada de mestre” de Michel Temer foi quase um aperitivo para desejos latentes de intervenção sobre o governo civil, com resultados que já se vê, pífios.
É preciso que seus comandantes percebem e transmitam que seus compromissos com a soberania de nosso país e com sua afirmação como nação não são traídos pela esquerda, mas por aqueles que se apresentam como “muy amigos” quando interessa usar contra ela o poder militar, mas que os descartam quando não lhes convém.
Os governos progressistas, ao contrário, respeitaram e modernizaram as Forças Armadas, verdade que dentro das limitações econômicas de nosso país. Se a alguém pode se imputar cegueira ideológica é a quem não vê isso.
Os que querem demonizar as Forças Armadas, até agora autocontidas, embora com uma inexplicável tolerância com alguns de seus radicais falastrôes, apóiam outra ditadura, a única que se pode sustentar no mundo moderno, no qual as intervenções militares são “demodês”.
No Brasil de hoje, a aspiração de poder supremo, sem respeito à lei e aos seres humanos, é do Judiciário e são eles que produzem as “execuções sumárias” da reputação e da liberdade humana.
Na longa e hipócrita reportagem do Jornal Nacional, o trecho mais relevante e sábio é a fala da irmã de um dos executados, Suart Angel, a jornalista Hildegard Angel. Hilde, que certamente tem mais sofrimentos pessoais do que qualquer um de nós com o assassínio de seu irmão e de sua mãe, prefere usar a dor para alertar sobre os nossos dramas de hoje:
-Nenhum país pode querer uma ditadura. Nenhum país pode querer um estado de exceção, porque quando não há respeito às leis, quando a Constituição não vigora, não prevalece, estes horrores ocorrem.
É preciso ter medo do presente e do futuro, porque o passado não pode ser mudado, mas o que existe e o que pode existir, sim.
*
|
TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
segunda-feira, 14 de maio de 2018
O Brasil surreal ou “isto quer dizer alguma coisa”…
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário