sexta-feira, 8 de junho de 2018

O que está por trás dos incêndios em Minas?



Por Oleg Abramov, na revista Fórum:

Coincidência? Ao chegar o sexto mês do ano eleitoral, quase que às vésperas do pleito de outubro, do nada, como um raio no céu azul, facções criminosas, de repente, sem qualquer histórico de atuação semelhante no Estado de Minas Gerais, iniciam uma onda terrorista, incendiando veículos em diferentes pontos do território mineiro.

Logo no Estado de Minas Gerais cujos índices de violência, especialmente dos crimes violentos, tem caído? Os resultados da segurança pública em Minas evidenciam o contraste com a situação alarmante de outros estados como o Rio de Janeiro; portanto, logo neste Estado?

Na manhã de hoje, dia 06/06, já se somam 50 ônibus incendiados em 25 cidades, de diferentes regiões do Estado. Uma ação muito bem planejada e com execução cirúrgica. Os jornais já anunciam que a autoria é do Primeiro Comando da Capital. Lembrando que se trata do Primeiro Comando da Capital Paulistana. O Estado cujo crime é chefiado pelo PCC e a política pelo PSDB.

Vamos fazer um exercício de especulação: lembremos que existem denúncias quanto ao alinhamento do PSDB com os referidos criminosos. Por exemplo, em 2015 a Folha de São Paulo (edição de 27 de julho) trouxe ao público declarações de testemunhas que teriam confirmado a existência, desde 2006, de um acordo entre o líder do PCC, Marcola, e a cúpula do governo paulista, do PSDB. A mesma facção que dialoga com o PSDB, partido com intimidade suficiente para sentar-se à mesa e pactuar em São Paulo, é aquela que protagoniza ataques no Estado no qual um candidato do mesmo PSDB irá disputar as eleições na condição de oposição. Será coincidência?

Aliás, entre apreensões de drogas em helicóptero de propriedade de político cujas relações pessoais são bem conhecidas e gravações telefônicas de relevantes lideranças verbalizando ameaças de morte, atos criminosos já costumam enredar o ninho tucano mineiro há muito tempo. Essa intimidade nojenta entre certa ala política com o toxico, ameaça de morte e dinheiro sujo, torna plausível a tese de que pode haver relação entre os atos criminosos recentes e o xadrez político. Há um cheiro de enxofre no ar.

E para concluir o exercício de especulação, note-se que mal os primeiros focos de incêndio apareceram, a tropa de choque da oposição ao governador Fernando Pimentel, no lugar de fazer qualquer gesto civilizado de união contra o crime organizado, “partiu pra cima”! Se apropriou do tema para tentar imprimir desgaste ao governo. Parece até que tem gente muito mais bem informada do lado de lá, do que o próprio Comando da Polícia de Minas Gerais, reconhecida como a que possui o melhor serviço de inteligência do Brasil.

O PCC tem motivos para tentar desestabilizar o governo Fernando Pimentel. Em Minas diferentemente de outros estados, o Poder Público exerce efetivo controle nos presídios. Não concilia com o crime organizado e não abre espaço para sua atuação, de recrutamento e comando, de dentro das penitenciárias.

Por fim, cabe realçar que quase duas dezenas de estados no Brasil vivenciaram dilema semelhante. Um problema que já é nacional requer ações do Governo Federal, porém, é sabido que Temer é completamente negligente em relação a e este e todos os problemas que atingem nosso povo. Diferentemente de Minas Gerais, cuja resposta foi rápida: 70 prisões já foram feitas, incluindo a de líderes do PCC.

Não tenho como afirmar nada. Mas é difícil engolir que é tudo mera coincidência.


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MG: INVASÃO DO PALÁCIO DA LIBERDADE É MINI-GOLPE DE ESTADO CONTRA PIMENTEL.


invasão


Na noite desta quarta-feira (dia 6), delegados, sargentos, cabos e policiais militares e outros elementos dos órgãos de repressão do Estado de Minas Gerais invadiram a sede do governo estadual, o Palácio da Liberdade, com clara facilitação dos policiais militares de plantão (obviamente obedecendo ordens superiores, em clara insubordinação) conforme mostra vídeo dos próprios invasores.


Antes de saírem, no dia seguinte, por ordem judicial – que neste caso demorou várias horas para ser cumprida e não se realizou com qualquer repressão sobre os manifestantes – os invasores fizeram ampla campanha golpista defendendo o afastamento do governador Fernando Pimentel (PT) e propaganda de seus antecessores como Aécio Neves e outros tucanos.
A ação de elementos dos órgãos de repressão não é um fato isolado. Nos últimos dias, mais de 50 ônibus e outros veículos foram queimados em todo o Estado. O governo mineiro denunciou que as ações foram realizadas por organizações criminosos, inclusive de fora do Estado. Em todo o País, é conhecido o fato de que tais organizações têm profundos laços com órgãos de repressão, tendo muitos interesses comuns, como nos negócios milionários do tráfico de drogas, armas, pagamento de propinas a policiais. Também são por demais evidentes os vínculos destas organizações com partidos da direita golpista; os quais tinham alguns de seus ex e e pré-candidatos legislativos entre as lideranças da invasão.
A operação de cerco ao governo petista conta ainda com um processo de impeachmentcuja abertura foi autorizada pelo presidente da ALEMG (Assembléia Legislativa de Minas Gerais),  Adalclever Lopes (MDB), em razão de supostos atrasos de repasses financeiros para o Legislativo, o Judiciário e prefeituras. O processo está parado na Assembleia.
Há ainda inúmeras ações no Judiciário golpista, o mesmo que mantém o ex-presidente Lula como preso político em aberta violação à Constituição Federal.
Destaque-se o fato de que o governo de Minas tem como vice -governador Antônio Andrade, político do mesmo partido do golpista Michel Temer, o MDB.
É preciso denunciar a armação golpista contra o governo Pimentel (independentemente do maior ou menor acordo com a política de governo por ele levada adiante), contra o PT e todo o povo mineiro que o elegeu e tem no mesmo um dos candidatos favoritos para ganhar a eleição, ao lado da presidenta Dilma, pré-candidata ao senado que lidera as pesquisas eleitorais e do próprio pré-candidato presidencial que representa a luta contra o golpe e que é a maior liderança popular do País, o ex-presidente Lula.
Para impedir a consumação do golpe, não basta articulações palacianas, como se viu no caso de Dilma, tampouco medidas judiciais. É preciso chamar toda a esquerda que se opõe ao golpe e as organizações de luta dos explorados de MG e de todo o País a se mobilizarem para derrotar o golpe em Minas, como em todo o País.
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