segunda-feira, 2 de julho de 2018

A primeira eleição de FHC com o Supremo, com tudo.

As voltas que a vida dá: Lula como cabo eleitoral de FHC para senador em 1978 - Fotos: Arquivo


JOTA A. BOTELHO




1978: a primeira eleição de FHC com Supremo, com tudo

Em 1978, em plena ditadura militar, Fernando Henrique Cardoso deu início a sua carreira política ao concorrer para o Senado Federal, no entanto, estava impedido de disputar as eleições por ter sido cassado pelo AI-5, perdeu na 1ª e 2ª. Instância, mas recorreu ao STF e ganhou o direito de concorrer 15 dias antes do pleito, elegendo-se suplente de Franco Montoro. Após a eleição de Montoro para o  governo de São Paulo assumiu sua cadeira no senado em março de 1983 até 1984. Em 1985 foi derrotado por Jânio Quadros para prefeito de São Paulo e reelegeu-se senador um ano depois.   



O SURGIMENTO DA LIDERANÇA DE LULA

Lula discursando nas greves de 1980 na região do ABC.

Neste período o movimento grevista também teve início em 1978, com uma série de paralisações espontâneas nas cidades da região do ABC, em especial no setor dos metalúrgicos, protestando contra as políticas de arrocho salarial e reivindicando liberdade e autonomia sindical. Após essa greve, houve novas mobilizações trabalhistas, em um processo que se consolidou e ampliou-se com as greves dos metalúrgicos em 1979 e 1980, às quais se incorporaram outras categorias de trabalhadores, evidenciando uma ascensão do movimento trabalhista no período. As greves de 1978-1980 marcaram também o surgimento de um novo sindicalismo, caracterizado pelo tipo de organização que se desenvolveu entre os trabalhadores de base, justapondo os laços do sindicato à rede de organizações da comunidade operária – em especial as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e associações comunitárias –, e pela ascensão de novas lideranças sindicais, como Luiz Inácio Lula da Silva, que culminou, na década de 1980, na formação do Partido dos Trabalhadores e de organismos intersindicais de cúpula como a Central Única dos Trabalhadores (CUT).




No vídeo abaixo, editamos o discurso de Lula na greve dos metalúrgicos do ABC, em 1980, e os depoimentos de Mino Carta sobre dois encontros de FHC e Lula nesta época (canal CartaCapital); e Waldir Pires, falecido neste ano de 2018, à jornalista Cynara Menezes (canal Socialista Morena), sobre o verdadeiro papel de FHC na luta democrática brasileira.





1969-2019: O CONTROLE DOS EUA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 50 ANOS


Com esta apresentação nos ocorreram um insight, um estalo, uma tentativa de buscar compreender o que se passa no Brasil de hoje, a sua perda quase que total de referência enquanto nação, a perda de nossos direitos, a entrega de nossas riquezas, de nossa soberania, e a implantação de uma dominação de natureza neocolonial que poderá nos custar anos de lutas e sacrifícios para nos libertarmos plenamente de nossos novos colonizadores. Segundo esta perspectiva, para entendermos todo esse processo, destacamos como peça chave o senhor Fernando Henrique Cardoso, o homem que sempre se manteve no centro em relação à presença e o controle dos EUA no Brasil neste período. Esta compreensão, realizada através de associações e edições de vários vídeos disponíveis no Youtube, procura traçar uma linha do tempo destes últimos 50 anos, que se estende desde de fevereiro de 1969, com a injeção de dinheiro da Fundação Ford na criação do Cebrap, capitaneado por FHC, até a eleição e posse, em 2019, do futuro presidente do Brasil - se tudo ocorrer conforme o script - quando então se consumará todo o projeto desencadeado imediatamente após a decretação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5), pela ditadura militar brasileira, em dezembro de 1968. 

1969 – A criação do Cebrap

Tudo começou com a criação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) no ano de 1969, financiado pela Fundação Ford, realizado pelo seu então representante no Brasil Peter D. Bell, através de FHC, com a injeção inicial de 145 mil dólares.

Este evento nos é esclarecido pelo senhor Fernando Henrique Cardoso na edição dos vídeos Fernando Henrique Cardoso - Cebrap e Cebrap 40 anos - Documentário "Retrato de Grupo" - parte 4:



No Site da Fundação Ford, na notícia intitulada Lembrando Peter Bell, publicada em 17 de abril de 2014, retiramos o seguinte trecho:
Em uma entrevista de 2012, no jornal brasileiro O Estado de São Paulo, Peter Bell refletiu sobre o que ele chamou de "uma das doações mais importantes e gratificantes concedidas durante o meu mandato na fundação", ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), um think tank de ciências humanas:
"O CEBRAP não só ajudou a manter Fernando Henrique Cardoso [um influente acadêmico que atuou como presidente do Brasil de 1995 a 2003] e seus colegas se engajaram produtivamente no Brasil, mas também se tornaram um importante centro de pesquisa e análise social por toda a América Latina.  Apesar de Fernando Henrique não ser um político na época, ele se tornou uma grande força na restauração da democracia no Brasil... Mais de quatro décadas depois do nosso apoio inicial, fiquei emocionado quando ele me enviou um e-mail dizendo que na época das maiores dificuldades no Brasil, a fundação possibilitou que ele escrevesse o que escreveu e fez o que fez".

Veja nas imagens abaixo (clique p/ampliar) o ranking das doações às Instituições Brasileiras da Fundação Ford no Brasil, em dólares (valores de 2001), e a relação de seus representantes no país, extraídas do livro Os 40 anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. Sobre o falecimento do senhor Peter Bell leia aqui
O outro lado da moeda: quem pagou a conta?


A escritora e historiadora inglesa Frances Stonor Saunders publicou o livro Quem Pagou a Conta? A CIA na guerra fria da cultura que conta como a CIA financiou publicações internacionais, artistas, e intelectuais de centro e à esquerda, desde do término da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria. O livro também revela um gigantesco financiamento do governo americano as organizações e associações de direita em nível global. Com esta política, a CIA foi capaz de angariar o apoio de alguns expoentes do mundo ocidental, a ponto de muitos passarem a fazer parte de sua folha de pagamentos. Entre os intelectuais patrocinados ou promovidos pela CIA estavam Irving Kristol, Isaiah Berlin, Stephen Spender, Sidney Hook, Daniel Bell, Robert Lowell, Hannah Arendt, Fernando Henrique Cardoso e muitos outros.

Em matéria publicada no Blog Acerto de Contas, e outros como Pravda BrasilNotícia Final e Sociedade Sustentável, o jornalista Sebastião Nery, no jornal Tribuna da Imprensa, escreveu:
Dinheiro da CIA para FHC
"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap". Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1968 era fevereiro de 69".
Fundação Ford
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
Agente da CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos, como os Estados Unidos.
Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias. Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
(...)

Assista no vídeo Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura uma entrevista com historiadora inglesa Frances Saunders sobre a ação da CIA na área cultural durante a Guerra Fria.

A CIA NO BRASIL DURANTE O GOVERNO FHC
Ilustração Dilma & Obama, by Amarildo Lima.

No Blog Sociedade Sustentável, do editor Paulo Franco, é citado a presença da CIA no Brasil durante o Governo FHC, a partir de 1999, denunciada pelo jornalista Bob Fernandes:
Não há registros imediatos de que o ex-presidente tenha negado ou admitido as denúncias constantes nos livros de Sauders e Leoni. Em julho do ano passado, no entanto, o jornalista Bob Fernandes, apresentador da TV Gazeta, de São Paulo, publicou artigo no qual repassa o envolvimento do ex-presidente com os serviços de espionagem dos EUA, sem que tivesse precisado, posteriormente, negar uma só palavra do que disse. Segundo Fernandes, "o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que 'nunca soube de espionagem da CIA' no Brasil. O governo atual cobra explicações dos Estados Unidos". (...)

A presidenta Dilma denunciou o fato na tribuna da ONU, em 24 de setembro de 2013. Discursou, discursou e não fez nada, acabou caindo. Assista no vídeo abaixo:


A TRAJETÓRIA DO PSDB

A fundação do PSDB: Franco Montoro, FHC e Mário Covas (da esq. p/dir.)

Finalmente, uma edição sintética da análise realizada pelo jornalista Breno Altman (canal Opera Mundi), sobre a trajetória do PSDB.


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