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PAULO MOREIRA LEITE
A manutenção de Lula na liderança folgada da campanha presidencial, em todos os cenários, mostra o acerto da decisão de manter sua candidatura, contra todos os ataques e pressões.
Os números, de todos os institutos, confirmam uma das mais importantes verdades da política -- a noção de que o derrotismo é a pior atitude numa situação de derrota.
Desmentindo o coro que julgava Lula uma carta fora do baralho da eleição, com base na constatação verdadeira de que as forças políticas e jurídicas unidas para manter sua prisão e impedir a candidatura formam um bloco coeso de interesses e privilégios, fica claro que o Brasil caminha para uma eleição polarizada entre Bolsonaro e Lula (ou o candidato que ele indicar).
Isso quer dizer que em torno de Lula gravitam as forças gigantescas que podem reunir os votos capazes de derrotar o fascismo, que em 2018 tenta criar uma oportunidade real -- a primeira em 129 anos de República -- de alcançar o poder no país.
Só essa condição explica que Bolsonaro tenha sido aplaudido, de pé, por executivos e empresários da Confederação Nacional da Industria -- espetáculo que lembra as tenebrosas cerimonias ocorridas sob a ditadura militar, quando medalhões da industria se reuniam para financiar a tortura e homenagear torturadores, personagens que hoje o candidato presidencial reverencia sempre que tem oportunidade.
A partir de sua resistência na solitária em Curitiba, Lula inverteu o jogo que ameaçava tornar-se inteiramente desfavorável depois da prisão, em 7 de abril.
Apoiado apenas na lealdade dos brasileiros, fruto da memória positiva do período em que o PT governou o país, não só continua na frente, mas sua liderança é o principal obstáculo ao crescimento de concorrentes que disputam votos à sua sombra. Avançando com impaciência sobre eleitores de Lula, que julgava disponíveis, Ciro se desgastou em vez de crescer. Desagradou o eleitorado popular quando defendeu a reforma da previdência e recebeu vaias do empresariado reunido na CNI quando disse que planeja desfazer a reforma trabalhista. Enfrentando dificuldades crescentes para articular uma base sólida de apoio, Marina parece mais isolada do que nas campanhas anteriores -- e boa parte dos antigos aliados dizem através dos jornais que preferem ajudá-la mas sem chegar perto.
A força eleitoral de Lula é tão avassaladora que, no esforço para deixar a estaca zero, até ex-ministro da Fazenda de Temedr Henrique Meirelles resolveu tirar uma casquinha, lembrando seu passado como presidente do Banco Central no governo de Lula.
Omitiu, é claro, que entre 2003 e 2010, cumpriu o papel de executar outra política econômica , que investia recursos públicos no crescimento economico e na distribuição de renda, sempre acompanhado de perto por Lula.
Não sou eu quem desenha este cenário Bolsonaro x Lula mas profissionais que se dedicam ao assunto.
Com a experiência de quem acompanhou -- por dentro -- as sete campanhas presidenciais desde 1989, Marcos Coimbra, do Vox Populli, está convencido de que o quadro atual deve permanecer até outubro, sem alterações de porte até porque a força de Lula não é um ponto fora da curva. Tem relação com os votos espontâneos e com a popularidade do Partido dos Trabalhadores, ambos na casa de 20%. Anteontem, numa palestra na Confederação Nacional da Industria, Chris Garman, cientista político da Eurasia Group, transnacional que monitora as eleições brasileiras para clientes internacionais, desenhou o mesmo segundo turno Bolsonaro x candidato do PT.
Garman apresentou sua análise num evento que serviu de amostra definitiva sobre o desprezo da liderança do empresariado brasileiro em relação ao 200 milhões de eleitores do Brasil real.
Traindo o projeto de realizar a eleição presidencial dentro de uma bolha autoritária, na qual o eleitor estaria condenado a cumprir um papel decorativo, sem escolhas reais, os dirigentes da CNI preferiram fazer um afago a Lava Jato, deixar Lula fora do debate.
Numa conjuntura na qual, mesmo na prisão, Lula divulga manifestos e até mantém uma coluna de comentários sobre a Copa do Mundo, não tiveram a dignidade de ouvir o líder das pesquisas sobre os assuntos em pauta -- o que poderia ter sido feito pelo envio de um questionário escrito a Curitiba, por exemplo.
Sabemos que a estratégia de avestruz é danosa para a democracia. Alimenta o jogo sujo de quem trabalha para consolidar o golpe, utilizando a brutalidade da judiciário para para excluir Lula de qualquer maneira, da mesma forma que os generais e civis do golpe de 64 eliminaram Juscelino com pretextos familiares de corrupção, jamais provados.
"Está nascendo um novo líder", diz "Zé do Caroço", maravilhoso samba de Lecy Brandão que comoveu a massa de trabalhadores e estudantes que despediu-se de Lula em frente ao Sindicato de São Bernardo. Se a frente única é o instrumento para derrotar o fascismo, como a humanidade aprendeu desde as tragédias de Adolf Hitler, Mussolini e Franco na Europa das décadas de 1920 e 1930, o veto a Lula elimina o instrumento que pode enfrentar Bolsonaro.
Quem acompanhou a prisão de Lula convencido de que assistia ao fim da história, é obrigado a admitir, três meses depois, que o país assiste a um novo começo.
Janaína Pascoal já identificou a mudança. Seu alinhamento com Jair Bolsonaro, a ponta de um iceberg, aquela parcela de quem não tem motivo para manter outras aparências. A dúvida é o tamanho da pedra de gelo sob as águas.
Depois que o próprio Lula considerou necessário externar o receio de que a Justiça pode ser capaz de negar seus direitos como cidadão e como candidato, a situação não poderia ter ficado mais clara.
Todo e cada movimento para enfraquecer sua candidatura é um gesto que afaga o fascismo. É uma questão de lógica elementar, matemática pura.
Alguma dúvida?
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
sexta-feira, 6 de julho de 2018
LULA É O NOME DA FRENTE ÚNICA CONTRA FASCISMO QUE CNI APLAUDIU DE PÉ.
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