quinta-feira, 5 de julho de 2018

Vitória do México!

ALFREDO ESTRELLA / AFP



Prezado(a) Cezar Canducho, 

Ao contrário do Brasil, o povo mexicano tem muito a comemorar nesta semana. Sim, eles perderam de dois a zero da seleção brasileira, mas conseguiram derrubar a direita nas urnas, rompendo com a hegemonia do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que durante décadas governou o país.

Pela primeira vez, a esquerda governará o México. Caberá a Andrés Manuel López Obrador (AMLO), do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), promover a emancipação e a soberania mexicana. Não será uma tarefa fácil, sobretudo, em tempos de Trump.

Apoio popular e legitimidade não faltam para o presidente eleito do México. AMLO obteve 53% dos votos, trinta pontos a mais do que seu oponente, Ricardo Anaya (PAN), apresentando um projeto em torno de reforma social e do restabelecimento da ordem legal no país, ameaçado pelo poder do narcotráfico.

Nesta semana de comemoração da vitória mexicana, Carta Maior traz análises que dimensionam o impacto da vitória de Obrador, não somente no México, mas na América Latina como um todo. Não percam, por exemplo, a entrevista realizada por Darío Pignotti com o analista político mexicano Julio Hernández Astillero, dias antes da vitória da esquerda.

Astillero destaca que Obrador e Lula têm vários pontos em comum, ambos “são rejeitados pelos Estados Unidos, que os trata como populistas, e também pelas elites dos seus países”. Ele analisa, também, a questão do narcotráfico apontando os desafios que a esquerda tem pela frente. 
Já Eduardo Febbro, em “Obrador: o adversário de um modelo de opressão”, publicado originalmente no argentino Página/12, detalha a vitória de Obrador, em um texto belíssimo que traça o peso, neste momento, da ascensão da esquerda no México.
“Neste domingo de comunhão entre as famílias e longas sobremesas, se abriu uma greta na história mexicana. O país assumiu coletivamente o desafio de uma contrarrevolução democrática, pacífica e moral”, avalia.
Em sua análise, “Agora é a vez de López Obrador”, o sociólogo argentino Atilio A. Boron, citando os interesses contrários à eleição de AMLO, destaca que há muito em jogo no país, por exemplo, “a luta contra o narcotráfico, a corrupção e as políticas neoliberais, e um México que volta a olhar com mais atenção para o Sul e a tomar certa distância dos Estados Unidos”, o que “pode trazer uma brisa fresca e uma nova esperança à Nossa América”.
Imperdível também o artigo “O México diante da 4ª. Revolução Industrial”, escrito pelo economista mexicano Napoleón Gómez Urrutia, sobre o impacto dramático que a Indústria 4.0 terá nos mercados de trabalho do mundo inteiro. 
Salientando a urgência de “um programa efetivo de capacitação, educação e treinamento”. Urritia aponta que “as mudanças devem ser não só para os trabalhadores mas também para os governos e as sociedades, que desde já enfrentam a escassez de mão de obra qualificada”.
Essas e várias outras análises sobre a vitória da esquerda no México aguardam você no nosso site. O Brasil, naturalmente, também tem destaque na nossa página. Em “A Geopolítica do Golpe”, José Sérgio Gabrielli fala sobre o desmonte da Petrobras. 

A reportagem, de Tatiana Carlotti, foi publicada no mesmo dia em que o ex-presidente Lula divulgava uma carta no Jornal do Brasil, denunciando a aprovação pela Câmara dos Deputados de um projeto que tira até 70% do pré-sal da Petrobras.

“Enquanto o país prestava atenção à Copa do Mundo, a Câmara dos Deputados aprovou, em regime de urgência, uma das leis mais vergonhosas de sua história. Por maioria simples de 217 votos, decidiram vender aos estrangeiros 70% dos imensos campos do pré-sal que a Petrobras recebeu diretamente do governo em 2010. Foi mais um passo do governo golpista e de seus aliados para entregar nossas riquezas e destruir a maior empresa do povo brasileiro”, alertava Lula.

Outro absurdo aprovado pelo Congresso, aproveitando-se da distração promovida pela Copa do Mundo, foi a PL do Veneno. Em “Lucro para uns, veneno para todos”, o professor da PUC-Rio e sociólogo Liszt Vieira comenta a aprovação dessa lei e denuncia: “o Brasil consome agrotóxicos proibidos em outros países”.

Por fim, convidamos você a conferir a editoria de “Leituras” que traz, nesta semana, resenhas de Slavoj Zizek sobre Le Capital au XXIé siècle de Thomas Piketty; de Léa Maria Aarão Reis sobre “Lenin, vida e obra” de Luiz Alberto Moniz Bandeira; e uma entrevista com Armando Boito Jr. sobre  “Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos governos do PT”. 





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Boas leituras e Viva o México!

Joaquim Ernesto Palhares
Diretor da Carta Maior

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