sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Bolsonaro ganha votos? Pelo menos deixa de perder…





OS DIVERGENTES


Acontecimentos chocantes que pegam o país de surpresa, como o atentado desta tarde a Jair Bolsonaro, costumam deixar políticos, jornalistas e observadores da cena em geral como baratas-tontas.  Ninguém tem a explicação, ninguém sabe o que vai acontecer e abre-se espaço a emocionalismos, exageros e suposições estapafúrdias. A única certeza é de que a campanha muda, segundo observações colhidas junto a quem está com a cabeça fria neste momento:
  1. É impossível que o assunto não venha a ser politizado, já que o sujeito foi esfaqueado em pleno ato de campanha. Aliados de Bolsonaro e setores da direita buscam relações do “lobo solitário” responsável pela agressão com o PT. Acharam antigas filiações ao PDT e ao PSOL, mas nada que relacione o crime a algum mandante ou político. É claro que o fato de o esfaqueador ser supostamente de esquerda será explorado, mas sem algo mais concreto fica difícil atingir adversários.
  1. Sabendo disso, todos os adversários de Bolsonaro na disputa presidencial, de Fernando Haddad a Geraldo Alckmin, e autoridades, como Michel Temer, Rosa Weber, Carmen Lucia e Fernando Henrique, protagonizaram uma corrida para ver quem se solidarizava antes e melhor, com as expressões mais compungidas e horrorizadas. Ninguém quer correr o risco de parecer que achou bom, pois isso tira votos.
  1. O atentado vai dar mais votos a Bolsonaro e influir na eleição? Cedo para dizer. É improvável que quem não vota nele passe a votar por isso. Mas talvez seja possível estancar algum processo de perda. Neste momento, o candidato do PSL é uma vítima, e vai ficar difícil para adversários como Geraldo Alckmin continuarem a bater nele na propaganda na TV. Essa tentativa de desconstrução ainda não havia tirado pontos de Bolsonaro, embora sua rejeição tenha aumentado. É improvável que, agora, com o discurso de quem sofreu uma facada no palanque, Bolsonaro fique de fora do segundo turno. 
  1. Diga-se o que se disser, a Polícia Federal falhou em sua missão de proteger os candidatos à presidência e mostrou que pouco pode fazer em meio à radicalização de ânimos. Essa campanha, que já tinha pouco povo, tende a ter menos ainda.

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