sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Para além do fascismo - Hodiernamente há um grande debate na sociedade sobre o fascismo, principalmente em razão de uma das candidaturas que se apresenta a presidência da República.

(Reprodução/Facebook)

Créditos da foto: (Reprodução/Facebook)





Rubens Casara - na apresentação do livro “como conversar com um fascista – observa que “o fascismo possui inegavelmente uma ideologia de negação. Nega-se tudo (as diferenças, as qualidades dos opositores, as conquistas históricas, a luta de classe etc.), principalmente, o conhecimento e, em consequência, o diálogo capaz de superar a ausência do saber. O fascismo é cinza e monótono, enquanto a democracia é multicolorida e em constante movimento. A ideologia fascista, porém, deve ser levada a sério, pois, além de nublar a percepção da realidade, produz efeitos concretos contrários ao projeto constitucional de vida digna para todos”. [1]

É inegável que determinado candidato – inominável – se ajusta perfeitamente a ideologia fascista. Note-se, ainda, que a ideologia fascista, como bem salienta Claudia Maria Dadico, “por incapacidade ou por escolha deliberada, não busca se estruturar em argumentos racionais. Antes, apela para a intimidação, para o ataque ao interlocutor, para a agressividade, para a incitação à violência, para a desqualificação da autoestima e desprezo a todos e todas que não se incluam em seu modelo de “cidadão de bem”, de acordo com uma lógica binária e empobrecida, com a qual divide o mundo entre amigos e inimigos. O discurso do ódio é seu veículo. O medo é sua matéria-prima”.[2]

Para além do fascismo, do machismo, do racismo, do sexismo e de toda forma de preconceito e discriminação, o inominável e seu vice apresentam propostas que vão transformar a já difícil vida da classe trabalhadora em verdadeira situação de penúria onde os direitos e garantias conquistados ao longo da história – assegurados na lei trabalhista – vão ser usurpados a cada dia. As mínimas condições dignas de trabalho serão abolidas em nome de um projeto para atender a “elite do atraso” e os endinheirados.

Não é demais martelar que, apesar de alguns equívocos cometidos, o Partido do Trabalhadores (PT) foi o responsável pela maior política de inclusão social desde a redemocratização do País. Milhões de pessoas saíram de invisibilidade e passaram a frequentar lugares antes exclusivo da classe média e das elites.  A redução da vulnerabilidade dos mais pobres, conforme observa Luis Felipe Miguel, “teve impacto inegável no mercado de trabalho, fazendo escassear a mão de obra que estava disponível a preço vil e que beneficiava esta classe média nos serviços domésticos e pessoais (cabeleireira, jardineiro etc.).”[3] Por seu turno, o Programa Bolsa Família – chamado pelos reacionários, conservadores e endinheirados de “bolsa esmola” – contribui, ainda que minimamente, para garantir o essencial e dar o mínimo de dignidade a camada mais pobre e precária da população brasileira. 

Necessário destacar, também, os programas de democratização de acesso as universidades, levados a cabo pelo PT e capitaneado pelo então ministro da Educação do governo Lula, Fernando Haddad.

Toda política de inclusão social, que como já dito, retirou milhões da invisibilidade, provocou em boa parte da classe média e dos endinheirados um ódio ao PT que, alimentado pela mídia opressiva, viu nos “escândalos” de corrupção um atalho para defenestrar o PT do País. Como, pela via democrática e da vontade popular isso se tornou extremamente difícil – a despeito de toda campanha da grande mídia – somente através do golpe foi possível tirar o PT da presidência da República. Através do golpe impediram, também, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputasse a presidência da República, apesar da esmagadora preferência nas intenções de votos revelada por todas as pesquisas.

Por tudo, e para além do fascismo, é necessário que o povo brasileiro compreenda definitivamente que somente um governo democrático com propostas concretas para as trabalhadoras e para os trabalhadores, que respeite as diversidades e que seja, verdadeiramente, comprometido com a melhoria de vida da população, com a igualdade e com a justiça social é que deve merecer no próximo dia 7 de outubro o voto de todos os brasileiros. 

*Leonardo Isaac Yarochewsky é Advogado e Doutor em Direito (UFMG)

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[1] TIBURI, Márcia. Como conversar com um fascista. Rio de Janeiro: Record, 2015.

[2] Disponível em:< http://www.justificando.com/2018/10/03/mas-afinal-o-que-e-fascismo/ Acesso em: 3/10/2018.

[3] MIGUEL, Luis Felipe. “A reemergência da direita brasileira”. In O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil. Luís Felipe Miguel... [et al.]: organização Esther Solano Gallego. São Paulo: Boitempo, 2018.


CARTA MAIOR



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