Neca. Tivemos, nos últimos dias, diferentes amostras de entrevistas. Um estilo agressivo foi usado por Bonner no Jornal Nacional. Perguntas incisivas, duras, em certos momentos impiedosas. Um estilo quase oposto – domesticado, digamos assim – foi usado por Fernando Rodrigues, da Folha, para entrevistar a banqueira Neca Setúbal. Há uma curiosa inversão de expectativas: a Globo costuma ser boazinha nas entrevistas e a Folha gosta de ser dura, por entender que isso é bom para sua imagem. Numa demonstração recente disso, o jornalista Fernando Barros e Silva, da escola da Folha e hoje na Piauí, perguntou a Aécio no Roda Viva se ele é usuário de cocaína. Em favor de Fernando Rodrigues, é preciso reconhecer que poucas coisas são mais complicadas para um jornalista do que lidar com banqueiros. Os bancos são grandes anunciantes – e muitas vezes também grandes credores – das empresas de jornalismo. Como diretor de redação da Exame, vivi uma situação exemplar. O excelente jornalista José Fucs, editor de Finanças da revista, fez uma capa brilhante sobre os irmãos Safras. O extraordinário talento dos Safras para fazer dinheiro estava lá, no texto de Fucs. Mas também o pavor sôfrego que os Safras inspiravam nos executivos do banco. Era um dos piores lugares para você trabalhar. Executivos graduados e muito bem pagos se comportavam como meninos atemorizados diante dos patrões. No dia do fechamento da revista, Roberto Civita ligou para a redação, o que era raríssimo. Queria saber se estávamos dando uma capa sobre os Safras. Sim, estávamos. Pediu para ler, coisa ainda mais rara. Disse que logo devolveria a matéria. Bem, jamais ela foi devolvida. Tivemos que improvisar outra capa. Soube depois que um dos irmãos Safras telefonara para Roberto pedindo sua intervenção. O Safra era um dos maiores credores da Abril, num momento particularmente complicado para a empresa na questão das dívidas. É a vida como ela é nas redações. Todo jornalista experiente sabe disso. Fernando Rodrigues enquadra-se nesta categoria. Ele em certos momentos parecia quase um contínuo do Itaú, numa posição subserviente. E Neca, inteiramente à vontade, parecia saber do poder que banqueiros têm sobre os jornalistas. Como é um bom jornalista, Rodrigues perguntou se não haveria conflito de interesses na relação de Neca com Marina no caso de vitória desta. Isto porque a Receita Federal cobra do Itaú quase 19 bilhões de reais por conta de dinheiro supostamente não recolhido na fusão com o Itaú. Neca deixou escapar, automaticamente, uma careta de desagrado. Depois, disse que não, que não havia conflito, já que ela não ocupa posição executiva no banco. Conflito, acrescentou ela, houve no passado quando seu pai, Olavo Setúbal, pertencia ao Conselho Monetário Nacional, que determinava as taxas de juros. (Naqueles dias, Roberto Marinho indicava a presidentes que iam beijar suas mãos em busca de apoio o ministro das Comunicações, que deveria arbitrar o mercado das emissoras.) O assunto morreu ali. Em outras circunstâncias, Fernando Rodrigues poderia ter dito: “Reparei que a senhora não gostou da menção aos quase 19 bilhões. Por quê?” Mas não. Era mais prudente parar por ali, Rodrigues sabia. E então voltamos a Bonner. Se um dia ele entrevistar Neca Setúbal, tenha certeza de uma coisa: seu tom vai ser muito diferente do que adotou nas sabatinas com os candidatos. http:// *** *** *** O momento mais embaraçoso da entrevista do Pastor Everaldo no Jornal Nacional.
Candidato a presidência pelo PSC, o pastor Everaldo soltou pum durante a gravação de sua entrevista no Jornal Nacional e o áudio vazou! E parece que o cheirinho incomodou.
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O braço direito de Marina Silva é simbolo do que há de mais velho na política.
Hoje: Feldman e Marina Se com Eduardo Campos a “nova política” de Marina Silva já era pouco sustentável, em sua carreira solo fica cada vez mais evidente que isso é uma miragem, especialmente com toda as velhas raposas que a cercam e que nos últimos dias se transformaram em seu núcleo duro. Um dos pivôs — provavelmente o mais importante — do rompimento com o secretário geral do PSB, Carlos Siqueira, é Walter Feldman. Siqueira e Marina bateram boca na quarta-feira, quando sua candidatura foi oficializada. Marina quis fazer mudanças na campanha e “trazer o Walter” para a coordenação. Walter acabou com o cargo de coordenador adjunto (Erundina ficou com a posição) mas é conselheiro, braço direito, articulador, amigo, articulador financeiro. Feldman pode ser tudo, absolutamente tudo, menos novidade, menos inovação. Ao contrário, é um político tradicional, com 30 anos de carreira sem muito brilho. Essa experiência, segundo um pessedebista histórico, lhe permitiu crescer dentro de uma estrutura amadora como a da Rede. Formado em medicina, Feldman foi do PC do B e passou pelo PMDB antes de fundar o PSDB. Foi deputado estadual em 1998 e, entre os anos de 2000 e 2002, presidente da Assembleia Legislativa. Em 2002, elegeu-se deputado federal e em 2005 assumiu uma secretaria de Coordenação das Subprefeituras. Entre 2007 e 2012, foi secretário de Esportes, Lazer e Recreação do de São Paulo. Tem uma pendenga antiga com o governador Geraldo Alckmin. Ligado a Serra, liderou em 2008 uma ala tucana que apoiou a reeleição de Kassab (que estava no DEM) para a prefeitura, preterindo Alckmin. Kassab, eu disse. Em 2009, isolado, anunciou que ia sair do PSDB. Acabou enviado a Londres como titular de uma secretária inventada para ele, a de Grandes Eventos. Passou seis meses lá, segundo ele mesmo para estudar a Olimpíada e ver que lições poderiam ser úteis a São Paulo. Lembrando que os Jogos serão no Rio. Voltou no ano seguinte feliz com Geraldo e com o partido, que estava “oxigenado”. Em 2011 estava fora. Em três décadas de vida pública, é difícil citar algo com sua assinatura, na cidade ou no estado. No plano das ideias, o panorama fica mais turvo. Mas seu nome estava envolvido no escândalo de formação dos carteis para a compra de trens. Foi citado num relatório do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer. Antes disso, foi mencionado na Operação Castelo de Areia, uma investigação da Polícia Federal sobre evasão de divisas, lavagem de dinheiro e caixa 2. Documentos listavam doações da construtora Camargo Corrêa a vários políticos. Feldman aparecia com 120 mil dólares recebidos entre 13 de janeiro e 14 de abril de 98. Ele se indignou com a menção. Marina mesma o defendeu no caso do chamado trensalão. Em 2013, declarou que Feldman não tem medo das acusações. “Ele próprio quer ser investigado”, afirmou. A jogada ousada de Walter Feldman, de se arriscar aos 60 anos na Rede, acabou tendo uma mãozinha do destino — se você quiser chamar assim — quando o avião caiu em Santos. Agora, merece um pirulito de açaí quem acredita que Walter Feldman se aproxima remotamente de algo parecido com a renovação que Marina Silva apregoa ininterruptamente. É, na verdade, um choque de realidade. Ontem: Serra e Feldman http:// |
TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
domingo, 24 de agosto de 2014
Jornalistas falam baixo com banqueiros.
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