quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CNT/MDA: ótima para Dilma, (não tão) boa para Aécio e péssima para Marina.



Antes de comentar a pesquisa CNT/MDA recém-divulgada, confira, abaixo, matéria do jornal Valor Econômico on line. Em seguida, comento.

Como se vê, tudo caminha dentro do previsto. Agora, cada vez mais gente vai percebendo por que este Blog viu, lá na última pesquisa Ibope de terça-feira da semana passada, uma situação “ótima” para Dilma.
A pesquisa CNT/MDA é ótima, excelente, magnífica para Dilma por ela ter ampliado consideravelmente a vantagem sobre a principal adversária no primeiro turno – Marina despencou 6 pontos –, por tê-la ultrapassado numericamente no segundo turno e por a rejeição dos três principais candidatos ter chegado ao mesmo patamar da presidente (ao redor de 40%).
A situação de Aécio melhorou um pouco. Mas, até aqui, melhorou bem pouco. Ao menos na pesquisa CNT/MDA. E Marina ainda tem cerca de 10 pontos de vantagem. Diferença que, em 10 dias para a eleição em primeiro turno, parece praticamente impossível reverter.
Contudo, os números dessa pesquisa ainda não são tão bons para Dilma quanto dizem que são os do Vox Populi, que, por alguma razão misteriosa, deixaram de ser apresentados pelo Jornal da Record da última segunda-feira, apesar de ter sido anunciado que seriam apresentados.
Como se disse aqui no post imediatamente anterior a este, conforme vamos chegando perto da eleição os institutos de pesquisa vão “acertando” os números.
E como ainda não há números que mostrem uma possibilidade concreta de Dilma vencer no 1º turno, os institutos de pesquisa e seus controladores ainda não mergulharam em total desespero, a ponto de irem para o tudo ou nada a fazerem manipulações mais grosseiras.

Bom Dia Brasil usa entrevista com Aécio para criticar Dilma.

Era previsível que o Bom Dia Brasil tratasse de formas distintas os candidatos a presidente da República. O mesmo ocorreu com as entrevistas com esses candidatos que o Jornal Nacional apresentou em agosto. Porém, não se imaginava que o tratamento dispensado a Dilma Rousseff fosse tão pior do que aquele que recebeu no telejornal noturno.
O fato é que, no telejornal matutino, Dilma pôde falar ainda menos do que no telejornal noturno devido às obsessivas interrupções dos entrevistadores, os quais, tanto em um telejornal quanto no outro, impediram a presidente de completar seus raciocínios.
Na entrevista de Dilma, para que se possa medir a gravidade da coisa os entrevistadores, da abertura ao encerramento, proferiram 1.524 palavras. Dilma, a entrevistada, proferiu 3.193 palavras. Ou seja, os entrevistadores falaram 48% do tempo que a entrevistada falou.
Por qualquer critério que se queira usar aquilo não foi uma entrevista, foi um debate.
Com Aécio Neves não foi igual. Os entrevistadores assistiram bovinamente às longas respostas dele, que aproveitou perguntas sobre “recessão”, “desemprego” e “inflação” no país para atacar Dilma.
Miriam Leitão, por exemplo, diz a Aécio que “(…) A gente não sabe ainda como o senhor vai fazer isso que o senhor acabou de dizer que vai fazer, tirar o pais da estagnação e reduzir a inflação (…)”
Ou seja, os entrevistadores levantaram temas que permitiram a Aécio atacar a adversária em vez de fazer perguntas sobre sua administração em Minas Gerais (2003 – 2010), sobre escândalos envolvendo o PSDB como o mensalão tucano, o de Alstom e da Siemens, o da Copasa (em Minas), o do aeroporto que ele mandou construir praticamente dentro de terras de sua família com dinheiro público.
Aliás, Aécio poderia ter sido perguntado sobre seu mandato no Senado. Ou não interessa como um candidato cumpre mandato que obteve nas urnas?
Após longos minutos da primeira resposta de Aécio sobre como iria resolver os problemas criados pela atual administração do país, e diante da mudez e dos sorrisos abestalhados das duas entrevistadoras, Chico Pinheiro tratou de colocar um pouco de sal na coisa.
Miriam Leitão, quem praticamente não deixou Dilma completar seus raciocínios, pouco se manifestou. Os mais incisivos foram Chico Pinheiro e Ana Paula Araújo.
Abaixo, algumas respostas de Dilma, na sua vez no Bom Dia Brasil, compostas de uma só frase incompleta, por conta das interrupções.
Dilma Rousseff: Só um pouquinho…
Dilma Rousseff: Ah, não. Mas eu te asseguro…
Dilma Rousseff: Foi, foi…
Dilma Rousseff: Mas, eu posso, eu posso…
Dilma Rousseff: Mas nem eles. Nem eles, então…
Dilma Rousseff: Eles estão… A meta deles…
Dilma Rousseff: Deixa eu continuar porque senão é impossível…
Dilma Rousseff: Eu estou então construindo a seguinte…
Dilma Rousseff: Mas eu estou falando…
Dilma Rousseff: Não, não é isso. Pera lá…
Todas essas frases cortadas derivam de interrupções quando a presidente meramente tentava responder. Com Aécio, não houve nada assim. Ele pôde concluir todos os seus raciocínios. Quando os entrevistadores tentavam interrompê-lo, ele continuava falando e eles se calavam. Isso sem falar na simpatia com que foi tratado.




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Ibope ( e companhia ) versus Vox Populi: alguém está mentindo.





Graças à divulgação da pesquisa Vox Populi na rodada de pesquisas eleitorais desta semana, foi possível chegar a uma conclusão inevitável: alguém está mentindo sobre os números de Marina Silva e Dilma Rousseff recém-divulgados por esse e outros institutos.
Na terça-feira (23), foram divulgadas as pesquisas CNT/MDA, Vox Populi e Ibope. Os dois primeiros institutos foram a campo no sábado (20) e no domingo (21) e o terceiro, com maior amostragem de eleitores, também no dia 22.
O instituto MDA ouviu 2002 eleitores, o Vox Populi 2000 eleitores e o Ibope, 3010 eleitores.
MDA e Ibope apuraram números muito parecidos tanto no primeiro quanto no segundo turnos, mas o Vox Populi apurou percentuais fora das margens de erro desses institutos.
Para entender, veja o gráfico abaixo

Como se vê, o percentual de Marina em primeiro turno no Vox Populi está fora da margem de erro do MDA e do Ibope. Na banda inferior da margem de erro desses dois institutos, Marina poderia ter 25,2% no MDA e 27% no Ibope, mas, no Vox Populi, ela aparece com 22% e, na banda superior da margem de erro desse instituto, poderia ter, no máximo, 24,2%.
Já o problema no segundo turno afeta Dilma, em vez de Marina. Na banda superior da margem de erro do Ibope, a presidente poderia ter 43%, mas, no Vox Populi, Dilma aparece com 46%. Na banda inferior da margem de erro deste instituto, porém, só poderia ter 44%.
Agora façamos uma “conta de português”. O TSE estima o eleitorado brasileiro em 140 milhões de eleitores. Cada ponto percentual, portanto, vale cerca de 1 milhão e 400 mil eleitores.
A diferença fora da margem de erro do percentual de Marina no primeiro turno do MDA para o primeiro turno do Vox Populi, é de 1,2 ponto percentual, ou 1,68 milhão de votos. Já a diferença entre Vox Populi e Ibope é de 2,8 pontos percentuais, ou 3,92 milhões de votos.
No segundo turno do Ibope, a diferença fora da margem de erro de Dilma para o Vox Populi é de 1 ponto percentual, ou 1,4 milhão de eleitores.
A diferença de 1 ou 3 pontos percentuais pode parecer pequena, mas há que levar em conta que estamos fazendo o cálculo FORA da “margem de erro”, ou seja, estatisticamente a diferença é significativa, fora da metodologia proposta pelos institutos conflitantes.
Além disso, há o fato clamoroso de que no resto dos números (ou na maioria dos números) os três institutos concordam. Nos números de Marina no primeiro turno e nos de Dilma no segundo, portanto, ocorrem exceções.
Por que só nesses pontos há discordância?
Vale lembrar, aqui, a lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, Artigo 33, § 4º : A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinquenta mil a cem mil UFIR
Caso ainda não tenha me feito entender, reproduzo, abaixo, matéria do portal IG de 12 de maio de 2010.
clique na imagem abaixo para visitar o site original da matéria
O que gerou a investigação que a matéria acima informa foi justamente esse tipo de “diferença”.
A análise da denúncia feita por este Blog em 2010 ficou a cargo da vice-procuradora-geral de então, doutora Sandra Cureau, quem, há época, muitos diziam ser “tucana”. Hoje, o vice-procurador-geral-eleitoral é o doutor Eugênio Aragão, a quem não se atribui esse tipo de inclinação política, por assim dizer.
Talvez alguns leitores não tenham entendido o recado, mas os institutos de pesquisa por certo entenderam. Senão, serei mais direto: qualquer cidadão pode representar à Procuradoria pedindo uma investigação como a de 2010. Um cidadão como este que escreve, por exemplo.
Como dizem em espanhol, portanto, ¡Ojo, señores!

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