quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Escândalo das rádios de Aécio foi descoberto em blitz da lei seca.


Imagine, leitor, se Lula tivesse dado dinheiro público a algum parente durante seu governo. A mídia e a oposição não se contentariam com impeachment. Possivelmente, exigiriam pena de morte. De preferência, por imersão do petista em óleo fervente.
Para que se possa mensurar o nível de intolerância da imprensa, do Ministério Público, do Judiciário e da Polícia Federal com petistas e o nível inacreditável de tolerância com tucanos, basta lembrar que um dos filhos de Lula foi julgado e condenado pelos meios de comunicação por uma empresa com a qual se associou ter tido relações com o governo do pai.
Pois bem: na edição de terça-feira (14) da Folha de São Paulo, em matéria escondidinha no “caderno especial” sobre as eleições – e, claro, sem chamada alguma na primeira página –, o jornal relata um escândalo surpreendente: quando governou Minas Gerais, Aécio Neves deu dinheiro do Estado diretamente a empresas de sua família. No caso, algumas rádios.
A matéria da Folha escandaliza por revelar um nível quase inacreditável de, ao menos, espantosa incúria dos governos do PSDB de Minas Gerais com a “res publica”, razão pela qual a matéria espantosa saiu muito bem escondida no jornal da família Frias. Talvez por isso, ao fim da manhã do dia da publicação, essa matéria tenha ganhado pouco destaque.
Confira, abaixo, a denúncia – pero no mucho – da Folha.
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O escândalo foi descoberto em 2011. A Folha diz que, naquele ano, “o PT pediu que o Ministério Público investigasse a publicidade nas empresas da família [de Aécio]”. Porém, o que o jornal não diz é que a descoberta decorreu de um dos fatos que mais depõem contra um político que, tragicamente, tem chance de governar o Brasil (!).
Leia, abaixo, matéria do portal G1 de abril de 2011
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Esse é o homem que nos gera o risco de que venha a governar o país.
Continuando. De fato, foi o PT de Minas Gerais que pediu para o Ministério Público investigar pagamentos que o governo Aécio Neves fez à família do então governador daquele Estado entre 2003 e 2010. Porém, o que a matéria não diz é como foi que o PT descobriu, em 2011, que o agora ex-governador mineiro se beneficiava PESSOALMENTE daqueles pagamentos.
Quase um ano após a detenção de Aécio no Rio de Janeiro por supostamente estar dirigindo embriagado – já que se recusou a fazer o teste do bafômetro –, o Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito civil, a pedido do PT, para investigar repasses feitos entre 2003 e 2010 pelo governo mineiro à rádio Arco Íris, de propriedade da família do tucano.
Além de Aécio, também consta no inquérito MPMG-0024.12001113-5 a irmã dele, Andrea Neves, responsável pelo controle de gastos do governo mineiro com comunicação durante o governo do irmão.
Mas como foi que o PT descobriu tudo isso? Simplesmente porque o veículo que Aécio dirigia quando foi detido em 2011 no Rio por dirigir com a carteira de habilitação vencida e por ter se recusado a fazer o teste do bafômetro pertencia a ninguém mais, ninguém menos do que à emissora de rádio da família do tucano.
Aécio dirigia um jipe Land Rover, placas HMA-1003, comprado em novembro de 2010 em nome da emissora.
Sem a detenção de Aécio na blitz da lei seca no Rio em 2011, nada disso teria sido descoberto. E quem diz não é este Blog, mas outro jornal que, tal qual a Folha, apoia o PSDB: o Estadão. Por isso, esse jornal publicou em 2012, também sem destaque e sem continuidade, a matéria que você pode conferir abaixo.

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Como se viu na matéria recente da Folha, o caso não deu em nada porque, tal qual ocorre em São Paulo, a ditadura tucana mineira cooptou o Ministério Público local. O então procurador-geral do Estado, Alceu Marques, encerrou o caso sem sequer verificar os valores que o Erário de Minas Gerais doou às rádios da família de Aécio e, como prêmio, foi nomeado secretário do Meio Ambiente pelo governo tucano que os mineiros acabam de rejeitar nas urnas.
Se tudo que vai acima não o convenceu de que pôr alguém como Aécio na Presidência seria um suicídio coletivo do povo brasileiro, a menos que você esteja sendo pago pela campanha tucana é melhor que procure, com urgência, tratamento psicológico.


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Dilma Rousseff vai à TV e pede “Respeito ao Nordeste”





No programa de Aécio Neves da noite de terça-feira (14), ele já assumiu a Presidência da República: plateia de supostos representantes de milhões de aposentados – que o programa tucano não informa quem nomeou – concorda com todas as propostas do candidato do PSDB para acabar com o fator previdenciário, criado pelo mesmo PSDB, e o tratou por “presidente”.
O programa tucano apela para o golpe da barriga. Literalmente. Uma mulher negra e grávida exalta as qualidades do candidato da “massa cheirosa” enquanto segura ostensivamente o ventre semeado. Há uma evidente pretensão de fazer com que o expectador concorde com o que ela diz simplesmente por estar grávida.
O PSDB não se emenda. Continua subestimando o povo.
O programa tucano precedeu o de Dilma Rousseff, na terça-feira. Dedicou-se a atacá-la enquanto “denunciava” que por ela é atacado. Mais uma vez, os tucanos abusam da crença em que o expectador tenha o brilhantismo de uma porta ou de um pote de picles.
O programa de Dilma vem em seguida. Abre com imagens de obras por todo o país, mas, já na abertura, diz a que veio.
Dilma, hoje uma expert em uso do teleprompter, começa a expor o tema do programa.
“O novo Nordeste é um dos retratos mais fieis do Brasil que está nascendo. É a prova de que vontade e garra NUNCA faltaram ao povo brasileiro.  O que faltava mesmo era oportunidade. Faltava apoio, faltava compromisso (…)
O show de desempenho dos nordestinos é tão grande que muita gente, no Brasil, ainda não está informada de tudo que acontece por lá. Você sabia que nos últimos anos o Nordeste cresceu o triplo da média nacional e que foi lá que a renda do brasileiro mais cresceu?
É por isso que podemos dizer, sem nenhum tipo de exagero, que muito do desenvolvimento do nosso país nos últimos 12 anos vem da garra, do talento e da vontade de melhorar de vida do nordestino.
Vale lembrar que os nordestinos também ajudaram e ajudam a construir São Paulo e todas as regiões mais ricas do país. Mas muitos têm agora a chance de retornar à sua terra e ajudar neste grande trabalho de reconstrução do Nordeste
A locução forte e cheia de significados de Dilma é sucedida por imagens tipicamente nordestinas acompanhadas de um jingle que pede respeito ao Nordeste.
Após defender o brio dos nordestinos, o programa de Dilma passa a elencar melhorias ocorridas no Nordeste durante o atual governo e o anterior que dificilmente algum nordestino, mesmo preferindo o adversário dela, terá coragem de negar.
E o jingle pedindo respeito ao Nordeste, enquanto a locução cita crescimento da renda, prossegue.
Em seguida, aparece um nordestino típico dando um recado que cada cidadão daquela região irá entender.
E o jingle prossegue: “Respeite meu Nordeste sim, senhor!”
Dilma volta a falar:
Depois do desenvolvimento dos últimos anos, ter preconceito contra o Nordeste e contra o povo nordestino é coisa de quem não conhece o Brasil real, de quem não tem, nem nunca teve, compromisso com o Brasil profundo. O Nordeste de hoje, é o avanço. O Nordeste de hoje é a semente do futuro. Atraso é não reconhecer isso. Alguém que ainda cultiva esse tipo de pensamento merece de todos, e de cada um dos brasileiros, o mais forte repúdio. Vamos aprofundar as mudanças. Esse é meu compromisso. Assim, o Nordeste dos grotões e dos coronéis só vai existir nos livros de literatura e no preconceito de certas pessoas que escondem as alianças que sempre fizeram”.
Para o Sul e o Sudeste – com destaque para São Paulo –, Dilma está falando grego. Porém, para o Nordeste, onde, em alguns lugares, ela chegou a ter 70% dos votos no primeiro turno, a presidente foi muito clara.
Dilma, no Nordeste, é uma espécie de Aécio Neves vitaminado. Tem muito mais apoio lá do que ele no Sul “Maravilha”. O Norte e o Nordeste formam uma nação com mais de 50 milhões de eleitores, enquanto que Sul e Sudeste têm mais de 80 milhões.
Contudo, apesar da maior quantidade de eleitores nas regiões tucanas, a região petista apoia Dilma muito mais do que Aécio é apoiado em seu feudo eleitoral conservador. Em uma eleição em que Norte e Nordeste se contrapõem tão fortemente ao Sul e ao Sudeste, resta saber quem vai vencer essa disputa, levando em conta que no Centro-Oeste a situação é de equilíbrio.
A estratégia da campanha de Dilma, porém, faz todo o sentido do mundo. O que era possível conquistar no Sul e no Sudeste, já foi conquistado no primeiro turno. O ódio visceral nesta região – sobretudo em São Paulo – espalhou-se como uma epidemia.
O ódio ao PT é tão irracional em São Paulo que a população reelegeu com votação esmagadora um governador que a fará penar muito já a partir do fim deste ano, com um racionamento de água que já ocorre veladamente, mas que, junto à oficialização, será muito ampliado. Assim que terminar a eleição.
O estelionato eleitoral tucano, porém, terá primeiro que ser sentido em sua completude para que, na próxima eleição – provavelmente, na municipal, de 2016 –, os brasileiros deem o troco aos tucanos como deram em 2002, após o estelionato de FHC em 1998, quando afirmou que a única chance de evitar a desvalorização do real seria reelege-lo.
Seja como for, o programa de Dilma está na linha certa. E como a mídia deu um tempo no uso da delação programada pela Justiça para cair no período eleitoral, talvez, por enquanto, seja válido centrar fogo no adversário assumido.
De tudo isso, o que se pode depreender é que a campanha de Dilma passa a jogar todas as suas fichas no Nordeste. Até porque, o programa da presidente em questão por certo fez aumentar ainda mais a raiva da parte do eleitorado que já a odeia. Se é que isso é possível.
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Assista, abaixo, ao programa supracitado:

Nordeste com Lula e Dilma: crescendo há 10 anos mais do que a média do Brasil!



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Como Dilma apagou o sorriso irônico de Aécio no debate da Band





Aécio Neves começou a debater ontem (14) com Dilma Roussef na tevê Bandeirantes ostentando um sorriso irônico que evidenciava que ele acreditava que a adversária seria presa fácil. Ledo e Ivo engano. Dilma não apenas não foi presa como tampouco foi fácil.
No primeiro e segundo blocos do programa, o sorrisinho continuava brotando logo abaixo dos olhinhos tucanos. Mas foi no terceiro bloco, quando Aécio tocou no tema corrupção, que a adversária arrancou o sorriso de seu rosto ao citar escândalos que o envolvem.
Dilma citou os casos dos dois únicos aeroportos construídos em Minas Gerais durante o governo do tucano, ambos construídos ao lado de propriedades de sua família; citou o caso das rádios da família Neves que receberam dinheiro de seu governo; chegou a perguntá-lo sobre “violência contra a mulher” – alô, Juca Kfouri.
Aécio se descontrolou. Naquele momento, alguns expectadores podem ter ficado com a impressão de que ele agrediria a adversária fisicamente. Não aconteceu, mas a reação do tucano foi absolutamente desastrosa: insultou a mulher que tinha diante de si.
“Leviana”, vociferou.
A partir dali, o sorrisinho desapareceu para nunca mais voltar. Enquanto isso, Dilma foi se soltando. Rebateu, um a um, cada ataque e, dentro do tempo estipulado, a cada resposta a um ataque, fez outro.
Dilma cresceu muito, do último debate para este. Esteve segura, gaguejou muito pouco, de forma quase imperceptível. Mas o mais importante foi a entonação da voz e a linguagem corporal. Mostrou segurança e, em alguns momentos, até indignação.
Aécio por certo saiu surpreso da Bandeirantes. Não esperava encontrar uma adversária tão perigosa, que o fez tremer quando falou das rádios e da violência contra mulher. Provavelmente, com medo de que ela desse mais detalhes.
A partir daquele momento, o tucano parou de falar em corrupção. Afinal, Dilma poderia dar mais detalhes das acusações que fez. Poderia dizer que naquele mesmo dia saíra matéria na Folha de SP sobre as rádios, e poderia perguntar o que ele tinha a dizer sobre o relato do jornalista Juca Kfouri, que o acusou de agredir uma namorada.
Porém, Aécio não perde por esperar. Haverá mais debates e por certo o Brasil terá oportunidade de saber mais sobre alguém que, pertencendo a um partido cheio de casos de corrupção e que sofre tantas acusações nesse quesito, ainda tem a cara-de-pau de acusar alguém.
Dilma venceu? A meu ver, sim. Mas, claro, ninguém pode dizer que o consenso majoritário não vá ser o de que o embate ficou empatado. Mas é literalmente impossível dizer que ela perdeu. E, diante das lendas que criaram, empate equivale a vitória.

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