quinta-feira, 16 de outubro de 2014

PSB-Marina-Aécio: farsa e rendição de um partido de esquerda ao projeto elitista.



O apoio do PSB e da ex-senadora Marina Silva ao candidato da coligação PSDB-DEM ao Planalto, senador Aécio Neves, é um marco na recente história política brasileira. Marco, não pelo apoio em si, um direito do PSB e de sua ex-candidata a presidente da República, mas pela farsa e pela rendição completa de um partido de esquerda e socialista e da candidata derrotada no 1º turno ao projeto elitista de governo. No caso de Marina ela nega, assim, todo o ideário também da sua Rede Sustentabilidade.
Ao contrário do que quer dourar Marina, não há nada programático nesse apoio. Aliás, ao vir com esse refrão, ela só repete o mesmo discurso com que firmou a parceria com Eduardo Campos nos primeiros dias de outubro de 2013, lembram-se? Agora vem com a história, também, de que o candidato Aécio se comprometeu com educação integral, sustentabilidade e fim da reeleição (…mas não em 2018…)
Mas, quem é contra a educação integral e a sustentabilidade? Vamos aos fatos, aos exemplos. Os tucanos governam São Paulo há 20 anos e Minas há 12 e não fizeram nada de destaque nessas áreas. O apoio de Marina a Aécio, então, tem um único objetivo: o poder.  Mas, uma busca do poder de forma escamoteada,  se escondendo no antipetismo – “chega de PT”, ponto final, dizem eles.
É sabido que o programa de Aécio foi escondido exatamente por seu caráter de arrocho econômico, as chamadas medidas impopulares sobre as quais ele só fala com empresários em regabofes e encontros reservados, fechados entre quatro paredes. Seu programa foi substituído por promessas vagas, pontuais – 13º para o Bolsa Família, fim do fator previdenciário…igualzinho ao que Marina teve e, com recuos, mudava a toda hora.
O mais grave é apresentar Aécio como herdeiro do legado de Arraes.
Depois eles, Aécio e Marina,  passaram a defender todos os programas sociais do governo do PT, até a manutenção da regra que reajusta o salário mínimo e a negar toda e qualquer política de ajuste econômico rígido. Aí, sem propostas próprias, passaram a   concentrar todo o discurso apenas na critica ao governo.
Mais grave, ainda, nesse apoio de Marina a Aécio é apresentar o candidato tucano como herdeiro do legado do governador Miguel Arraes e de seu neto, Eduardo Campos. Isso é a maior falsificação histórica e política já vista numa campanha presidencial brasileira. Ora, toda historia de lutas e resistência que Arraes liderou tanto em Pernambuco como no Brasil foi contra as ideias, programas, e governos da aliança PSDB-PFL.
Arraes nunca apoiaria Aécio e sua política externa ou esse seu ideário econômico defendido pela dupla Arminio Fraga-Eduardo Giannetti da Fonseca, os dois principais economistas das equipes de Aécio e Marina respectivamente.
Os que agora querem se apresentar como herdeiros de Arraes, e os que se prestam ao serviço de apresentá-los como herdeiros foram, na verdade, algozes de Arraes enquanto ele esteve no PMDB e fizeram oposição feroz aos seus governos quando ele passou para o PSB. Criaram e alimentaram contra Eduardo Campos a denúncia dos precatórios.
Com militantes pagos achincalhavam Eduardo no Aeroporto dos Guararapes.
Para eles Eduardo Campos, secretário de Fazenda do governo do avô Miguel Arraes, era o “Dudu precatório” – assim o chamavam. Eduardo era perseguido por furiosos militantes pagos do PSDB-PFL (hoje DEM, da coligação de Aécio) no Aeroporto dos Guararapes (Recife) a cada vez cada vez que voltava de Brasília.
Nós do PT  sempre estivemos, ao lado de Eduardo e de Arraes. Como estávamos na volta de Arraes do exílio, na luta contra a ditadura, nos seus governos em Pernambuco, mesmo com todas as divergências e conflitos conhecidos na construção da Frente Brasil Popular em 1989, pela qual Lula disputou o Planalto naquele ano. Estivemos juntos nos governos do presidente Lula e de Eduardo Campos, apesar de separados na disputa eleitoral de 2002 e de termos disputado com Eduardo o 1º turno da eleição em Pernambuco em 2006.
Mas, ao final, estivemos juntos nas campanhas de 2006 e 2010. Depois da vitória de 2002 o presidente Lula disse enfático ao ministro José Dirceu: “Arraes e o PSB não são aliados, são companheiros, participarão no Governo como decidirem”. E assim foi.
O presidente Lula e o PT, por uma dívida histórica do país com o Nordeste e porque Eduardo soube reivindicar e construir com sua competência e capacidade política, contribuíram para que Pernambuco vivesse a maior transformação recente já vista em um Estado de nossa Federação. Nunca um Estado recebeu tantas investimentos e apoio do Governo Federal quanto nos governos de Eduardo Campos no Estado e do PT no plano federal.  É impossível apagar essa história de nossas lutas e governos em comum e de nossas alianças.
Porque precisam esconder a hipócrita e vergonhosa adesão ao projeto elitista.
É por isso, amigos leitores, que precisam agora esconder a hipócrita e vergonhosa adesão a um projeto elitista contra os interesses do povo e do Brasil. Escondem assumindo o ódio e o preconceito contra o PT e a desqualificação total dos 11 anos que juntos governamos o Brasil e partilhamos dos mesmos sonhos e esperanças.
Felizmente em defesa e respeito à memória de Arraes e de Eduardo Campos um importante setor do PSB representado pelo seu ex-presidente nacional, Roberto Amaral, pelos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Lídice da Mata (PSB-BA), pelos governadores do Amapá, Camilo Capiberibe e da Paraíba, Ricardo Coutinho, pelos diretórios do partido no Acre, Amapá, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e Rondônia, e por muitos outros filiados e dirigentes do partido em todo país declararam apoio à presidenta Dilma e ao projeto que construímos juntos.
Estes, sim, resgatam e representam a memória de Arraes e Eduardo Campos.


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Aécio no debate : uma vergonha, uma covardia só !


O ex-ministro José Dirceu conta que uma de suas avós em Minas Gerais – ele é de lá, de Passa Quatro, nas terras altas da Mantiqueira – quando queria dizer que alguém foi mal, partia para uma constatação breve: “(fulano) apanhou de chinelo até chorar”.
Foi isso que aconteceu ontem com o candidato demotucano ao Planalto, senador Aécio Neves, no debate da Rede Band, o primeiro da campanha eleitoral do 2º turno. O senador Aécio apanhou, não chorou, mas a cara de decepção e tristeza – às vezes de enfado até – do mediador, jornalista Ricardo Boechat, dizia tudo.
A presidenta Dilma dominou o debate o tempo todo. Ela escolheu e impôs os temas, o ritmo do confronto e colocou o candidato demotucano na defensiva. Aécio parecia um principiante, um amador. Assustado com a altivez e segurança da presidenta ele partiu para a ignorância, agredindo-a. A presidenta se manteve altiva e serena.
Presidenta dominou o debate do começo ao fim.
Foto: Ichiro Guerra/ Dilma 13
Foto: Ichiro Guerra/ Dilma 13
O senador passou a se esconder na arrogância e na ironia, com um sorriso falso no rosto toda vez que a presidenta o confrontava com os fatos. Como com os escândalos não investigados, impunes, simples e lamentavelmente arquivados do governo FHC. Estes e outros, como os do nepotismo e empreguismo do próprio Aécio no governo de Minas (2003-2010) , seus gastos com propaganda – parte feitos em rádios de sua família -, o aeroporto construído em Cláudio (MG) com recursos públicos para sua família e em terras da família, do tio-avô Múcio Tolentino…
E olha que a presidenta fez uma lista pequena dos escândalos impunes e não investigados do governo FHC (mais de 40 escândalos nos 8 anos de 1995 a 2002), como o da compra de votos para aprovar a emenda da reeleição, o do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), o da “pasta rosa” (conluio de tucanos com banqueiros). Da mesma forma que arrolou poucos dos muitos escândalos dos 8 anos de governo Aécio em Minas,  como esse da construção do aeroporto para presentear a família, o desvio de R$ 7,5 bi da Saúde…
Ontem o Brasil pode, então, conhecer melhor o candidato tucano que foi incapaz de apresentar qualquer proposta para o país. Ele se perdeu num discurso de ódio e rancor contra o PT e de negação de todo e qualquer avanço nesses últimos 12 anos, esteve perdido, errante e errático, a não ser para dizer que vai continuar tudo o que fizemos na área social.
Promete continuar programas sociais como se fossem dissociados da política econômica.
Promete, visivelmente sem convicção e sem convencer , que vai continuar tudo o que os governos Lula e Dilma fizeram na área social como se esta área fosse separada, ou não dependesse da política econômica que Lula/Dilma implantaram. Política econômica que o futuro – nunca – ministro da Fazenda de Aécio, Armínio Fraga, promete rever começando pelo papel dos bancos públicos e pelo cálculo do salário mínimo, duas de suas medidas impopulares que o candidato demotucano não teve coragem de defender.
Confrontado com a memória dos governos tucanos, com o que marcou suas gestões, como desemprego, inflação alta, baixo crescimento, e endividamento, Aécio se escondeu e se apequenou. Principalmente quando confrontado de novo com dados sobre segurança, educação e saúde em seus governos em Minas.
Quando confrontado, então, com sua derrota na eleição do último dia 5 para governador de Minas e presidente da República em seu Estado, disse candidamente que não era o governador e sim senador, dando a entender que quem perdeu a eleição foi seu sucessor e o vice-governador que assumiu o governo em maio último.
Uma vergonha! Uma covardia só!

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O silêncio de Aécio sobre o dinheiro que Minas deu para sustentar suas emissoras de rádio.

Quem acompanhou o debate na Rede Band ontem entre a presidenta Dilma Rousseff e o candidato do PSDB-DEM ao Planalto, Senador Aécio Neves, viu duas denúncias dela contra o adversário: a de que ele pratica nepotismo e tem quase uma dezena de parentes próximos (primos, principalmente) e uma irmã nomeados no serviço público de Minas Gerais; e que o governo mineiro também paga verbas de publicidade e propaganda para três emissoras rádio da família, uma em Belo Horizonte e duas em São João Del Rey, onde os neves têm também um jornal.
Aécio passou ao largo dessa questão da publicidade e propaganda pagas com dinheiro público e que sustentam as emissoras de rádio da família. Não disse uma palavra sobre o nepotismo, a nomeação de quase uma dezena de familiares na máquina pública de Minas, mas simulou profunda irritação com a presidenta na questão da nomeação da irmã. Ele desafiou a presidenta a provar que sua irmã trabalha no governo de Minas e cobrou rapidamente que ela indicasse o órgão em que sua irmã trabalha. Será que Aécio esqueceu o local?
O debate seguiu e no bloco seguinte o candidato não voltou a tratar do caso. A irmã de Aécio, sra. Andrea Pereira Neves, foi nomeada por ele e durante todo o seu governo em Minas (2003-2010) foi presidente do  Serviço Voluntário de Assistência Social (SERVAS), uma espécie de secretaria de Estado no governo de Minas.
Andrea Neves foi vista como eminência parda no governo do irmão.
Mas, até as pedras das ruas da antiga Vila Rica (Ouro Preto) e de São João Del Rey sabem que a real função de Andrea no governo do irmão foi governar nas sombras, ser uma poderosa eminência parda em sua administração. Andrea é jornalista e como tal, na prática. comandou também todo a área de comunicação dos governos do irmão.
Nessa condição comandou, inclusive a distribuição das verbas oficiais de publicidade e propaganda a todos os veículos no Estado, dentre os quais, às emissoras de rádio. Andrea muitas vezes foi vista como censora da mídia em Minas, acusada de perseguir jornalistas – houve caso de jornalistas processados e presos no Estado naquele período – e de chamar ao palácio do governo os responsáveis por qualquer veículo que divulgasse críticas ao governo do irmão. Cortava na hora o dinheiro da publicidade e da propaganda desses órgãos de comunicação, forma com a qual ela e o irmão governador controlaram a mídia mineira.
As verbas oficiais de publicidade e propaganda dadas às emissoras da família Neves estão no noticiário há vários dias, porque em torno delas há um mistério: ninguém revela seu montante. A propriedade dessas emissoras pelos Neves (agrupadas em uma holding, elas são de Aécio, da irmã Andréa e da mãe deles Inês Maria Neves Faria) foi descoberta há algum tempo, quando o senador Aécio foi barrado numa blitz de bafômetro no Rio e a polícia descobriu que o carro que ele dirigia estava em nome da rádio Arco Íris, do conglomerado de comunicação da família.
Nomeado no gabinete do pai em Brasília, Aécio continuou morando no Rio.
Desde então – inclusive mais recentemente – a mídia tem cobrado o valor total dessas verbas que o governo de Minas concede às três emissoras e ao jornal da família, mas jamais conseguiu saber. Aécio, invariavelmente diz que não sabe nem se lembra qual o montante da dotação. A Folha de S.Paulo traz reportagem a respeito, hoje. O jornal informa que, com base na Lei de Acesso à informação, entre 2003 e 2010, período em que ele foi governador de Minas, pediu várias vezes o valor desse dinheiro. Sem sucesso, nunca lhe foi informado.
A Folha de S.Paulo traz reportagem hoje denunciando, também, que Aécio, aos 19 anos em 1980, foi contratado no gabinete do pai, o falecido deputado Aécio Ferreira da Cunha (PDS-MG), na Câmara dos Deputados, em Brasília, mas continuou morando no Rio de Janeiro. O comitê de campanha do candidato enviou nota ao jornal confirmando a nomeação e informando que Aécio cuidava da agenda do pai no Rio.
A Folha diz que como o pai ficava em Brasília, Aécio trabalhando para ele não tinha o que fazer no Rio. A nota do comitê de campanha confirma a nomeação no gabinete do pai e parte para acusações gratuitas ao PT. Ela diz: “Sem ter o que propor para o futuro nem ter argumentos para explicar o fracasso de seu governo (o PT) apela para uma campanha baseada em farsas e mentiras”.
Leiam as duas reportagens que a Folha publica hoje sobre as emissoras de rádio da família Neves em Minas e sobre a nomeação de Aécio para o gabinete do pai, em Brasília, período em que ele continuou morando no Rio. Acessem aqui: “Aécio diz que não sabe valor que seu governo pagou a suas rádios” e “Aécio admite que trabalhou para gabinete do pai no Rio”.
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