domingo, 26 de outubro de 2014

Segundo governo Dilma será muito mais de esquerda que o primeiro.


Chegamos à véspera daquela que talvez seja a eleição mais importante da história deste país. Desde o golpe de 1964 não se via levante da direita tal qual ocorreu ao longo dos últimos 15 meses. Esse processo ensinou muita coisa a Dilma Rousseff e ao PT.
O plano da direita para retomar o poder é literalmente estarrecedor. Marina Silva, liderança antiga da esquerda, mudou de lado. Porém, sem dizer nada. Com isso, conseguiu articular o plano mais diabólico que já testemunhei.
A “Rede” de Marina engabelou partidos realmente de esquerda, mas da esquerda de oposição ao governo do PT. Com isso, fez os bem-intencionados partidos esquerdistas ajudá-la a derrubar a popularidade de Dilma com as “jornadas de junho”.
Ao longo das últimas semanas, porém, várias lideranças de partidos como o PSOL se deram conta do que aquelas manifestações, sob a eminência parda Marina Silva, pretendiam. Assim, com espírito público e humildade o PSOL tem sido imprescindível para tentar evitar a volta da direita ao poder.
No segundo turno, apenas o PSOL, oficiosamente, passou a apoiar o PT. E, claro, alguns segmentos do PSB, os segmentos legitimamente de esquerda, como o ex-presidente do partido Roberto Amaral.
Oficiosamente, porém, toda a esquerda está com Dilma neste segundo turno.
O efeito dessa reaproximação do PT e de Dilma com a esquerda mais autêntica terá como subproduto um segundo governo petista muito mais de esquerda. Até porque, Dilma percebeu o que não percebia: não há contemporização possível com a direita midiática.
Em 2015, os Poderes Executivo e Legislativo se situarão em campos opostos. Não é novidade para ninguém que os fenômenos relatados acima desembocaram no Congresso mais conservador desde a ditadura militar.
O avanço da direita no Legislativo, porém, a partir da próxima legislatura irá se contrapor a um poder executivo que a direita empurrou para a esquerda.
Primeira mudança: no final de setembro, a presidente da República garantiu a este Blog, em entrevista, que, em seu segundo mandato, travará o bom combate contra a direita midiática.
Segunda mudança: os apoios decididos de lideranças psolistas como Jean Willys, Marcelo Freixo e outras farão o PSOL ser tratado de outra forma pela presidente reeleita e pelo PT. Não se exclui a possibilidade de o PSOL ser convidado a participar do novo governo.
Terceira mudança: a aproximação de Dilma com o movimento sindical e com os movimentos sociais será muito maior. Até pelo bem do Brasil.
Quarta mudança: Dilma e o PT finalmente entenderam que um marco regulatório da mídia e a democratização das comunicações são agendas urgentes para o país. E devem trabalhar para que essas políticas sejam postas em prática.
Quinta mudança: acabou o tempo de Dilma apanhar calada da mídia e da oposição.
Sexta mudança: Dilma deverá buscar mais apoio da sociedade a políticas públicas de seu interesse. Recorrerá às ruas para pressionar o Congresso mais conservador.
O efeito disso será imediato. A direita tentará derrubar Dilma com um “golpe branco”, via impeachment. Essa é uma certeza. E isso ocorrerá mesmo se a presidente fizer acenos e concessões à direita. Desse modo, será melhor nem tentar. Será enganada.
Não se pode prever, portanto, um segundo mandato mais tranquilo, do ponto de vista político. Todavia, em um país injusto como o Brasil a “paz” política que tivemos no primeiro mandato é a paz dos cemitérios.
Que venha o embate, pois. A esquerda, unida, não pode ser vencida. Governa para o povo. A divisão é que fez a direita se erguer dessa forma. Unida, a esquerda poderá extrair das ruas o apoio que possa vir a lhe faltar no Congresso.
A PSOL, PSTU, PCO, PCB e congêneres, envio uma mensagem: o país conta com vocês. Se a direita conseguir derrubar Dilma em seu provável segundo mandato, o retrocesso dizimará a esquerda brasileira. Vamos à luta.

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Pesquisas mostram que crime eleitoral de Veja fracassou.





As pesquisas Datafolha, Ibope e Vox Populi deste sábado mostram que, além de o crime eleitoral de Veja não ter funcionado, a revista ainda terá que arcar com o custo judicial – e, consequentemente, financeiro – desse repugnante crime eleitoral.
Dilma continua à frente de Aécio, o que sugere que o ataque rasteiro de Veja teve efeito diametralmente oposto ao esperado pela revista e pelo PSDB. A vantagem de Dilma na eleição de amanhã poderá ser maior do que a que ela teve em 2010.
Como dizem, o crime não compensa.
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Ibope e Vox divergem de Datafolha; em 2.010 só Ibope acertou.





A disputa eleitoral deste domingo não deve ser só entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. Pesquisas Datafolha, de um lado, e Vox Populi e Ibope, de outro, divergem fundamentalmente sobre as intenções de voto dos dois candidatos a governar o país.
Se no Vox Populi (54% a 46%, votos válidos) nada mudou com capa da Veja e tudo, o Ibope (53% a 47%) tirou 1 ponto de Dilma e deu outro para Aécio. As duas pesquisas colocam a petista à frente do tucano fora da margem de erro.
Já no Datafolha (52% a 48%), há empate técnico. Contudo, essa movimentação de Aécio no instituto de pesquisas da Folha de São Paulo, ela mesma variou dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais, o que significa que pode não ter havido movimento algum.
No dia 30 de outubro de 2010, a um dia da eleição em segundo turno, os institutos de pesquisa também divergiram de forma até parecida.
O Datafolha deu 55% para Dilma e 45% para José Serra (votos válidos); o Ibope deu 56% para Dilma e 44% para Serra; Vox Populi deu 51% para Dilma e 39% para Serra.
No dia seguinte, Dilma teve 56,05% (55.752.529 votos) e Serra, 43,95% (43.711.388 votos). Como se vê, só o Ibope acertou.
Os números de Ibope e Datafolha, por outro lado, sugerem reação de Aécio. Porém, os dois institutos deram variação para cima de Aécio e para baixo de Dilma dentro da margem de erro, o que quer dizer que pode não ter ocorrido mudança alguma.
Resta, ainda, um contingente de indecisos que o Datafolha afirma que é composto de mulheres negras, acima de 45 anos e de baixa escolaridade. Integram, pois, o eleitorado menos escolarizado e informado, que, tradicionalmente, vota no PT.
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