Coincidências acontecem, mas …
Mas a superoperação da Polícia Federal no caso Petrobras nesta manhã de sexta feira parece feita sob medida.
O estardalhaço tende a desviar as atenções das denúncias – frescas e de alta relevância — sobre o comportamento brutalmente partidário dos delegados encarregados das investigações.
As informações sobre o antipetismo estrondoso dos delegados da PF colocaram uma sombra copiosa de dúvida sobre a qualidade das apurações da PF.
Ódio partidário influencia qualquer investigação. Inimigos são tratados com extremo rigor e amigos podem ser convenientemente engavetados caso alguma coisa comprometedora apareça.
O caso do Helicoca é exemplar: como a PF conseguiu não apurar nada, com tantas evidências? Como a ligação com os Perrellas, os donos do helicóptero, foi tão rapidamente descartada?
Aparentemente, a nova fase da operação Lava Jato assinala uma guerra fria entre a PF e o PT.
Há similitudes no comportamento da PF e da mídia. Grandes organizações jornalísticas, quando alguém as aborrece, costumam promover uma retaliação imediata na qual não são poupados os feridos.
A Globo é mestra nisso, mas está longe de ser um caso único.
Num mundo menos imperfeito, as coisas não seriam assim. Mas, no Brasil 2014, são.
A PF tem que ser reinventada. Tanto a PF como as polícias militares são, para usar a grande expressão de Brizola, filhotes da ditadura.
A mentalidade dominante ali é aquela segundo a qual a esquerda come criancinhas.
É o tipo de pensamento com o qual a imprensa, a Globo de Roberto Marinho à frente, intoxicou mentalmente os brasileiros na época dos militares.
As polícias brasileiras são dominadas por uma cultura, ou falta de cultura, de extrema direita.
É esta cultura que tem que ser enfrentada com disciplina, método – e rapidez.
Ou teremos sempre, na PF, investigações partidarizadas – e por isso suspeitas — quando, como no caso da Lava Jato, políticos estiverem de alguma forma envolvidos.
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*** *** São Paulo, a cidade mais subestimada do mundo. São Paulo: The Most Underrated City in the World.
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*** *** ¨Não dá mais para empurrar com a barriga¨: Como foi a manifestação do MTST na Paulista.
Se a parcela direitista levou, de acordo com a PM, 2 500 pessoas à Paulista no mês passado, menos de duas semanas depois o MTST, acompanhado de centrais sindicais e movimentos sociais, derramou, ainda segundo a polícia, 10 mil manifestantes na mesma avenida.
O recado, entretanto, era de mão dupla. Se por um lado era voltado para dar o troco na ala que trouxe demandas esdrúxulas como intervenção militar ou impeachment de Dilma, e dizer que “não passarão” (e, de quebra, dançar um forró em plena alameda Jaú – no coração dos Jardins – em resposta contra o preconceito aos nordestinos), por outro lado era também uma pressão sobre o governo federal pelas reformas estruturantes que atendam aos gritos das ruas. A desejada e sonhada reforma política.
“O mínimo que se espera é ela (Dilma) realizar o programa de mudanças pelo qual foi eleita. Agora, é preocupante que os primeiros sinais da presidente não tenham sido esses. Passou a campanha inteira dizendo que Marina e Aécio iriam governar para banqueiros e cogita o presidente do Bradesco para o ministério da Fazenda?”, declarou Guilherme Boulos, líder do MTST.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, também não suavizou. “São duas bandeiras nesse ato. A primeira é contra a intransigência, contra o golpe que se quer aplicar, contra a proposta maluca de impeachment, contra a agenda conservadora que não fala da reforma da moradia, da reforma agrária, dos direitos dos trabalhadores”, disse.
“A segunda é para mostrar que a presidente Dilma se elegeu com esse povo aqui. Ela se elegeu para fazer reforma. Ela não se elegeu para depois vir o PSDB ou o mercado e dizer que tem que ter aumento de taxa de juros. O Brasil teve duas propostas e elegeu a proposta progressista, não a reacionária. Não vamos aceitar que os acordos com um congresso conservador levem em consideração a sanha do PMDB que quer mandar no governo.”
O Dia Nacional de Luta por Reformas Democráticas foi uma demonstração de que essa campanha ganhará força junto à população. “Só a sociedade irá fazer com que as reformas necessárias aconteçam”, disse Marcos Nobre, professor de Filosofia da Unicamp e pesquisador do Cebrap. “São as pessoas que precisam obrigar o sistema político a mudar, porque, por conta própria, ele não irá fazer isso”. Bem, lá estavam as pessoas. E não é de agora.
Um “plebiscito popular” (uma votação paralela que não teve a legitimidade de um plebiscito convocado pelo Congresso, como exige a Constituição) por uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político já havia sido realizado entre os dias 1 e 7 de setembro e recolheu 7.754.436 votos em todo o país. Esperava coletar 10 milhões de votos mas ainda assim é um número expressivo. Esse resultado foi entregue oficialmente aos três poderes da República no dia 14 de outubro. Já são 500 entidades envolvidas na campanha que defende que o Congresso convoque uma Assembléia Constituinte para tratar exclusivamente da reforma política (a proposta é original do PT, PCdoB e de vários movimentos sociais). Um caldeirão imenso.
“Não dá mais para empurrar com a barriga. Ou o governo adota a pressão da direita, que é do mercado financeiro, dos setores conservadores que ganham com o status quo, que é da política neoliberal que a gente sabe muito bem o que significa ou o governo vai ter de enfrentar o desafio das reformas populares. É inadmissível depois do que foi junho de 2013 que a reforma política ainda não seja um tema que tenha maioria nos poderes políticos. É inadmissível depois do que a revista Veja fez nessa campanha eleitoral que não se consiga pautar a democratização nos meios de comunicação. É uma ilusão acreditar que o Congresso vá fazer reforma política, que vá acabar com financiamento privado de campanha. Não vai. Nós achamos que o plebiscito para a constituinte é o caminho mais viável para se pensar em reforma política no país”, disse Guilherme Boulos.
Ou seja, coxinhas à parte, é importante o governo estar atento ao lema do MTST. A luta é pra valer.
*** *** *** O dia em que Aécio ganhou a eleição num avião e a apoteose de um jornalismo brega. “Obrigado pelo carinho, pessoal”
Uma das grandes questões que assombram a humanidade desde priscas eras é a seguinte: qual a linha que separa o brega — ou kitsch — da grande arte? Por que um vaso quebrado chinês de Ai Wei Wei tem mais valor do que um auto-retrato de Romero Britto? Por que Chico Buarque falando quer ficar no seu corpo como tatuagem é superior a Odair José mandando a namorada parar de tomar a pílula?
O brega está em todas as áreas: política, religião, literatura, economia, erotismo, publicidade, televisão etc. Se é difícil definí-lo, é fácil reconhecê-lo. Você percebe sua presença. O sentimento de “ugh” está na tela, nas notas, nas palavras.
Quer se trate de um anão de jardim, de uma balada do Jota Quest, de uma poesia de Pedro Bial, de uma frase de Paulo Coelho, do piscar de olhos de Bambi, de um beijo no coração — a breguice está lá, reconhecível como o rosto de sua tia querida. Não há muito espaço para a dúvida. Se você acha que pode ser, então é. No jornalismo, claro, não é diferente. (Aliás, quem faz um apanhado do que há de melhor nessa seara é o Wando em sua coluna no Yahoo).
Bem, esse blablablá foi para compartilhar um artigo de Ricardo Noblat no Globo. Noblat narra o que aconteceu num voo em que Aécio Neves estava presente. Não fica claro se o jornalista estava no avião ou se a história lhe foi contada por uma de suas fontes (talvez a mesma que lhe garantiu que a morte de Ariano Suassuna era “questão de horas”. Suassuna, aos 87 anos, estava numa UTI, em coma). Deveria? Isso é outra questão.
A cena, uma ode ao que poderia ter sido e não foi, é uma apoteose brega — ou kitsch. Como disse Milan Kundera, “não importa o quanto o desprezemos, o kitsch é uma parte integral da condição humana”.
Eis o relato:
Imagine isso ilustrado por Hans Donner ou filmado por Vincent Minelli ou ainda pelo diretor de “Chiquititas”. Noblat não confirma se a Gol vai inaugurar vôos para Cláudio, em Minas.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
sábado, 15 de novembro de 2014
A guerra fria da PF contra o PT.
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