Trabalhar sábado à tarde?
Um protesto pode virar, perfeitamente, uma comédia, como se viu hoje em São Paulo.
O mais difícil é saber quem foi o palhaço principal.
São três os candidatos: Aécio, Lobão e Serra. Francamente, estou em dúvida sobre qual foi mais ridículo.
Vejamos um a um.
Lobão começou o dia superlativo no Twitter. “HOJE O CHÃO DA PÁTRIA IRÁ TREMER”, tuitou ele antes do protesto.
Assim mesmo, em maiúsculas.
Pouco depois, ele usou o plural majestoso. “Chegamos !!!!!!!”. Para poupar seu tempo, aviso que foram sete pontos de exclamação.
Depois a realidade, esta pantera, começou a se impor. Disse ele no Twitter: “Infelizmente, tive mais uma vez que sair da passeata por todos os motivos que expus ontem. Estou de luto.”
No dia anterior, ele freneticamente tentara evitar que “militaristas”, como ele chama os que defendem um golpe militar, participassem do protesto.
Já não havia maiúsculas, já não havia exclamações, mas uma mistura de frustração com raiva.
A Folha captou um desabafo de Lobão. “Cadê o Aécio? Tô pagando de otário.”
E aí chegamos a Aécio, outro candidato ao título de idiota do dia.
Bem, se Lobão imaginou mesmo que Aécio gastaria uma tarde ensolarada de sábado para ir a um protesto, é mesmo um otário.
Aécio faz tudo por uma manifestação num sábado contra a Dilma, exceto ir.
Mas por momentos pareceu que ele romperia sua tradicional vida boa e mansa. Num vídeo postado na véspera do protesto, ele convocou as pessoas a ir para a rua.
Era presumível que ele mesmo fosse, mas Aécio se mostrou incapaz de mobilizar a si próprio. Ficou claro o tamanho de sua liderança. Talvez ele devesse ter mandado em seu lugar o Aécio de Papelão, mas nem isso.
Serra, mais trabalhador, foi. E então chegamos ao terceiro candidato à coroa de trouxa do dia.
Como Aécio, Serra gravou um vídeo no qual pedia que as pessoas fossem às ruas. Ele conseguiu dizer o seguinte: que nunca, em sua vida, vira manifestações tão espontâneas quanto estas que têm sido feitas contra Dilma.
Em seu mundo particular, Serra deve ter ficado impressionado com um protesto anti-Dilma em Belo Horizonte que se dispersou diante das primeiras gotas de chuva.
A capacidade de mobilização de Serra ficou tão evidente quanto a de Aécio. Fora o fato de que ele pelo menos foi, as estimativas giravam em torno de 800 manifestantes, divididos em dois blocos.
Um era o dos “militaristas”. Outro, o de “civis” como Serra. Isto quer dizer que Serra levou 399 almas para a rua.
Não. Aécio tem também sua parte, já que gravou um vídeo. Cada um levou 199,5 almas para a Paulista.
É uma dura parada. Aécio, Lobão ou Serra? A piedade me leva a excluir Lobão: ele é a única pessoa que acredita nos propósitos de políticos como Aécio e Serra.
Opto por Aécio como o mentecapto do dia. Serra ao menos compareceu.
A quem eventualmente o recrimine pelo WO que deu, Aécio poderia dizer uma frase em inglês que não tem tradução: “Get a life! Entrei na política por muitas razões, menos trabalhar.”
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A mulher do Juiz da LAVA JATO.
Rosângela Moro.
A mulher do juiz do Lava Jato, soube-se ontem, tem ligações com o PSDB no Paraná.
Rosângela Moro é advogada, e presta serviços para o vice-governador Flávio Arns. São atividades meritórias, aliás: estão associadas a atividades em prol de pessoas com deficiência.
Mas há um vínculo, e isto é notícia. Não, é claro, para as grandes empresas de mídia, interessadas em fazer de Moro um novo Joaquim Barbosa.
Quanto a conexão pode configurar conflito de interesses? Os vazamentos seletivos que pouparam o PSDB poderiam ter sido influenciados por simpatias partidárias?
Num mundo menos imperfeito, questões como estas seriam debatidas agora profundidade pela mídia.
Mas não: como os vazamentos da Lava Jato, também a investigação jornalística é seletiva, bem como a indignação – não raro simulada — de colunistas e editores.
Flávio Arns pertence a um governo engraçado sob muitos aspectos. O governador Beto Richa, para empregar uma expressão da moda, cometeu um estelionato eleitoral quando se elegeu, em 2010.
Ele acusou na campanha o então governador Roberto Requião de nepotismo por dar cargos no secretariado à mulher e a um irmão.
Richa fez exatamente o mesmo que condenara. Quer dizer: em sua visão, não. Numa entrevista, um jornalista cobrou de Richa a nomeação da mulher e de um irmão.
A resposta de Richa, eternizada num vídeo, pertence ao anedotário político não apenas regional, mas nacional.
Richa disse que, uma vez que sua mulher é rica, indicá-la não é nepotismo. Nepotismo, na definição de Richa, é coisa para pobre.
Richa tem fama, como Aécio em Minas, de cercar a mídia crítica. Uma de suas vítimas, segundo ela mesma narra, foi a jornalista local Joice Hasselman, hoje na tevê do site da Veja.
No Paraná, Joice investia contra o PSDB e Richa com a mesma fúria com que bate hoje no PT e em Dilma.
Em seu epílogo no Paraná, ela prometeu apresentar documentos que comprovariam propinas na gestão Richa. Não apresentou, e isto foi bastante para que comentassem que ela parecia ter adquirido o hábito de ameaçar antecipadamente divulgar bombas e depois esquecer o assunto, sabe-se lá por quê.
É neste ambiente peculiar que a mulher de Moro circula, com sua assessoria jurídica ao vice de Richa.
Você pode fazer tudo com essa informação. Só não pode fingir que ela não existe.
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** *** ¨CADÊ O AÉCIO NEVES ?¨ pergunta um inconsolável LOBÃO na marcha golpista na Paulista. Cadê o Aécio Neves?
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Serra discursa em manifestação na Paulista.
Sen. José Serra discursa para manifestantes em SP.
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*** *** A imprensa escondeu as informações mais importantes do Datafolha sobre CORRUPÇÃO.
Esconderam as informações mais importantes que o Datafolha sobre corrupção divulgado hoje traz.
Não por inépcia, ou não só por inépcia, mas sobretudo pela má fé.
Duas coisas merecem consideração. Primeiro, que apenas 9% dos entrevistados consideram a corrupção o maior problema do país.
Clap, clap, clap. Aplausos de pé. Nada, no Brasil, se compara em dimensões trágicas à desigualdade social.
Mas os beneficiários dela, entre os quais os donos das grandes empresas jornalísticas, tentam fingir que este é o maior drama nacional.
Quer dizer, fazem isso quando um governo do qual não gostam está no poder, como foi o caso de Getúlio, Jango, Lula e agora Dilma.
Quando é um governo amigo, a corrupção não é assunto. O direito à reeleição de FHC foi comprado com malas de reais, tudo devidamente documentado, mas isso não era corrupção.
Caso ainda se interesse por ciência política, FHC tem oportunidade, diante da esqualidez dos 9%, de entender por que com tudo a favor – mídia, Marina, economia em situação complicada – Aécio conseguiu perder a eleição com seu samba de uma nota só, a corrupção.
Logo ele, o homem do aeroporto de Cláudio, da irmã que colocava dinheiro público nas rádios da família, logo ele se punha a falar em corrupção como se fosse um Gandhi.
Não surpreende que, com esta ladainha manipuladora da corrupção, protestos contra Dilma arregimentem escassas almas, que se dispersam aos primeiros sinais de chuva, como se viu outro dia em Belo Horizonte.
A segunda conclusão importante do Datafolha é que, para 46% dos entrevistados, governo nenhum investigou tanto a corrupção quanto Dilma.
Vê-se, aí, o acerto dos responsáveis pela campanha de Dilma ao colocar foco nisso e sair da defesa para o ataque nas semanas anteriores ao segundo turno.
O exemplo mais dramático da criminosa falta de empenho do PSDB em combater a corrupção está estampado no escândalo do Metrô.
Três administrações tucanas – Covas, Alckmin, Serra – não foram capazes de pôr fim à roubalheira do Metrô. Não fosse a Suíça, que denunciou contas milionárias abastecidas por propinas ligadas ao Metrô de São Paulo, estaríamos ainda no escuro em relação ao assunto.
Merece um capítulo especial, aí, o caso de um discípulo dileto de Covas, Robson Marinho. Covas o colocou no Tribunal de Contas, cuja missão, pausas para rir, é fiscalizar as despesas do governador de São Paulo.
Mesmo com evidências esmagadoras de alta corrupção, e de brutal enriquecimento pessoal por causa dela, Robson Marinho foi mantido no TCE até recentemente.
São estes os dois dados mais importantes do Datafolha: o baixo número de brasileiros que acham que o maior problema nacional é a corrupção, e o alto contingente que considera que nunca ela foi tão combatida como agora com Dilma.
Mas o noticiário das grandes empresas de jornalismo, como era previsível, destacou outra coisa.
A Folha, por exemplo, tomou a primeira página hoje com a “informação” de que a maior parte dos entrevistados atribuiu a Dilma “alguma responsabilidade” no episódio Petrobras.
A pergunta em si, sobre se Dilma é responsável e em que grau, já é falaciosa. Bombardeado por uma mídia que o tempo todo associa sofregamente o caso Petrobras a Dilma, que o entrevistado poderia responder?
Como sempre, o noticiário das grandes companhias de comunicação jogou sombra onde havia luz, numa inversão colossal de um sagrado princípio do jornalismo.
Mas a voz rouca das ruas, como mostra o Datafolha sem a edição malandra de quem manipula as informações, consegue enxergar a luz por conta própria, a despeito dos que tentam mantê-la no breu.
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Apresentadoras do ¨SAIA JUSTA¨ : devolve, Gilmar.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
O otário que acreditou que Aécio ia ao protesto.
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