Também idiomas estrangeiros foram agredidos.
No futuro, quando a posteridade quiser aferir a estupidez política destes dias, bastará olhar para as fotos do protesto deste domingo.
Os pósteros não terão nem o trabalho de ler textos.
Nas fotos, pessoas faziam o seguinte:
Poderíamos ir adiante, muito adiante, na lista das aberrações.
O que passa na cabeça das pessoas que foram às ruas hoje? Aparentemente, nada. Ou pensamentos tenebrosos, a julgar pelos cartazes que elas portaram pelo país.
Mas quantas são exatamente essas pessoas? Ou melhor: quantas foram à avenida Paulista, epicentro dos protestos?
Há um problema aí. A PM de São Paulo, que costuma fazer a estimativa, tem-se comportado como um partido político. Seus números são ideológicos, e não concretos.
No meio da tarde, a PM falou em 1 milhão de manifestantes. É um número imponente, redondo, vibrante – mas, ao que tudo indica, falso.
O Datafolha, insuspeito de simpatia pelo PT, trouxe no começo da noite um cálculocinco vezes menor. Repito: cinco.
Isso quer dizer o seguinte: a partir de agora, a PM de São Paulo, já tão desacreditada pela violência, passa a ser desprezada até como contadora de pessoas em manifestações.
Apenas para registro: é menos que a Parada Gay de 2012, que levou 270 000 pessoas para a Paulista.
Dado o reacionarismo dos que foram à Paulista, não chegou a ser surpresa o fato de muita gente tirar selfies com os policiais militares.
Camaradas.
Muito depois de o Datafolha corrigir a PM, a Globonews continuava a alardear o milhão nas análises de seus comentaristas.
A cobertura da Globonews nos protestos lembrava Galvão narrando Senna. Torcida, euforia, paixão – e nada de jornalismo.
“A manifestação não está na rua, mas na tevê”, disse no Facebook Gilberto Maringoni, candidato do PSOL ao governo paulista em 2014.
“A Globonews tá em surto”, disse, no Twitter, o jornalista e ativista Bruno Torturra.
Momento de humor na Paulista.
Anos de informação desonesta da mídia construíram a multidão que hoje foi às ruas.
O que muda a partir de agora?
Pouca coisa.
O impacto dos protestos, pelos números do Datafolha, tem apenas um quinto da potência que se imaginou que tivesse.
Dilma tem quase todo o segundo mandato para fazer as coisas que verdadeiramente poderão mudar o Brasil.
Uma reforma política, em primeiro lugar. Não uma de mentirinha, como a intentada por Eduardo Cunha.
Mas uma que traga mudanças como a proibição do financiamento privado das campanhas, que é a forma como a plutocracia toma conta da democracia e, mais que isso, é a origem suprema da corrupção.
Dilma não poderá fugir também da luta pela regulação da mídia.
Quanto a mídia deixou de informar a sociedade para simplesmente manipulá-la, ficou claro na patética cobertura da Globonews aos protestos.
***
*** *** O PAULISTANO NÃO DECEPCIONA NUNCA.
As milhares ou, de acordo com a sempre confiável Polícia Militar de São Paulo, milhões de pessoas que marcharam pela principal avenida da capital na tarde de hoje estão de parabéns. Caminhar faz muito bem.
Obcecados pela boa forma, trouxeram pesos para a caminhada. É até difícil calcular o quanto carregavam se levarmos em conta o que se esconde por trás de cartazes com frases que clamam pela volta de uma ditadura militar. Estas frases pesam como o chumbo. Carregá-las, sem dúvida, é exercício mais extenuante que o crossfit da academia mais estrelada dos Jardins. Povo obcecado por boa forma, sempre carregando seus pesinhos.
O importante é que os protestos desta tarde trouxeram lágrimas aos meus olhos. Nelson Rodrigues escreveu que não há multidão intranscendente, ou talvez não tenha escrito exatamente assim. Cito muito mal. A multidão emociona, o hino nacional faz a voz ficar rouca. Lembrei até do panelaço de semana passada. Tanto que fui à cozinha e acariciei as minhas panelas. Peço perdão pela emotividade.
Bom, adiantando a prosa: fiquei com os olhos marejados porque muitos paulistanos cumpriram bravamente, mais uma vez, o papel de desbravadores. A adesão à manifestação contra a presidente, de muito longe a maior em todo o país, foi digna de grandes momentos da nação.
Veja bem. O paulistano está lutando por um direito que lhe é inalienável: o de ter na presidência o candidato que ganhou a eleição. Quem venceu o pleito em São Paulo foi o senador Aécio Neves, com 63% dos votos. A lógica é transparente. Quem diz que parte dos manifestantes era formada por golpistas propondo um terceiro turno na eleição de 2014 é dono de um alvar desconhecimento dos fatos. Aqui deu Aécio, meu caro. Não é impeachment, é justiça.
São Paulo não pode parar. São Paulo é moda. É dinheiro trocando de mão, sem oportunismo e promovendo a tolerância. A camisa do genial Sérgio K com a frase “A culpa não é minha, votei no Aécio” custa 130 reais – mas não é cara se é para arrancar o Brasil do fundo do poço.
O uniforme oficial da seleção brasileira personalizado sai por 350 reais? Não existe preço se é para acabar com a corrupção no Brasil. Melhor ainda tendo o privilégio de usar, do lado esquerdo do peito, o escudo da CBF. Para combater desvirtuamento de instituições, veja só.
Estou muito orgulhoso de ter escolhido esta terra para morar. Parafraseando Pero Vaz de Caminha, esta é a terra em se plantando, tudo dá – isso quando tem água na torneira para irrigar a terra, claro.
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*** *** AÉCIO ¨EXPLICA¨ PORQUE NÃO FOI PARA AS RUAS NO 15 DE MARÇO.
Aécio Neves - Dia da Democracia - 15/03/2015.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
segunda-feira, 16 de março de 2015
Foi mais uma palhaçada que um protesto.
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