sexta-feira, 24 de abril de 2015

Como diria Lenin, "Que fazer?"


Por Erick da Silva

Vivemos em tempos defensivos e de resistência, onde a ofensiva conservadora mostra-se despudorada em atacar direitos trabalhistas; onde um juizinho irrelevante do Paraná converte-se em o novo "paladino da justiça e da moral" nacional (ao arrepio da constituição); onde reaças vão as ruas bradar apelos a golpes de estado e a supressão de direitos sem nenhum constrangimento; onde o nosso imperfeito sistema eleitoral poderá vir a se tornar ainda pior, caso a reforma do PMDB seja aprovada; entre tantas outras nuvens que pairam no céu com sua trovoada anti-popular.

Nestes tempos turvos, por ocasião do aniversário de nascimento do revolucionário russo V.I. Lenin neste último dia 22 de abril, de forma retórica, me ocorre a velha pergunta: que fazer?

Não existem respostas fáceis, não pretendo aqui esboçar nenhuma delas, apenas jogar a pergunta como esforço de reflexão e de constatação. Não à dúvidas quanto ao período regressivo em que vivemos. Infelizmente, ainda existem aqueles e aquelas, no seio da esquerda, que acreditam que esta conjuntura não é defensiva, e que tudo não passa de mera conformação conjuntural efêmera. Esses apostam que, mediante pequenos ajustes, principalmente do governo, poderemos retomar algum nível de ofensividade.

Não creio que esta análise seja realista. Ela é muito mais um exercício de vontade e de credo do que uma análise amparada nos fatos. Aliás, qualquer rápida consulta, constatará sem dificuldades que esta percepção é minoritária na esquerda, seja ela no campo petista ou na oposição de esquerda.

Os caminhos para uma virada conjuntural são possíveis. A dinâmica da luta de classes no Brasil pode reverter o atual quadro regressivo. Não tenho dúvidas quanto a isto. No entanto, a certeza que neste momento nos parece mais cristalina é que esta reversão será de médio ou longo prazo. Quanto aos caminhos a serem percorridos, bom, aí é um terreno para uma vasta e profunda discussão.

Como disse antes, não pretendo responder a velha questão apontada por Lenin, mas apenas uma certeza, em meio a tempos confusos, é incontornável: o momento é de unidade das esquerdas.

Unidade aqui entendida como esforço comum para impedir um avanço ainda maior do retrocesso conservador. Propostas como da Frente de Esquerda, convergindo diferentes movimentos sociais e organizações de esquerda devem ser saudadas e impulsionadas.

Se o presente é regressivo, uma única certeza podemos ter: somente com mobilização o quadro pode ser revertido. Essa é a única certeza neste momento sobre o que fazer.

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