sábado, 18 de abril de 2015

Trabalhadores nas ruas infringiram a fragorosa derrota aos paladinos da terceirização.

Milhares de pessoas se reuniram para protestar contra o PL 4330 (Foto: CUT).

As manifestações durante a semana, com milhares de trabalhadores nas ruas protestando contra a terceirização no trabalho infringiram pesada derrota ao empresariado que jogou todo o seu poder e peso na aprovação da medida, à mídia aliada como sempre a eles, ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu entorno, e a todos os que se engajaram na aprovação do nefasto projeto.
Eles conseguiram aprovar o texto-base da proposta na semana passada, mas foram obrigados a recuar e a adiar a votação final, agora dos destaques, para a próxima semana. Até o PSDB, dissimulado como sempre, mas altamente empenhado na aprovação da terceirização para atender seus aliados e parceiros políticos, foi obrigado a mudar de posição pela pressão das redes sociais e o ronco das ruas.
Vitória popular e dos trabalhadores neste 1º round, ainda que a imprensa, também dentro do esperado, tenha minimizado a derrota com a arma que habitualmente usa nessas ocasiões: praticamente ignorou a mobilização das ruas – também, não era contra o governo… – dando o mínimo espaço à questão ou, como fizeram muitos jornais, não publicando nada.
A cobertura da Folha de S.Paulo, por exemplo, foi pra lá de pífia. E o jornalão da Barão de Limeira, que tanto se jacta de colocar seu Instituto Datafolha para fazer pesquisa científica para calcular o número de participantes dessas manifestações, dessa vez nada. Não fez o levantamento do público e limitou-se a dar o número de 2.500 fornecido pela PM do governo tucano e conservador paulista, e 30 mil, calculado pelos organizadores dos atos.
Tem mais do mesmo e da manjadíssima tática editorial da Folha de boicotar a luta dos trabalhadores: nesta 6ª feira, o jornalão da Barão de Limeira dá uma página inteira à questão da terceirização. Na velha estratégia que ela imagina que ninguém percebe, ouve “especialistas” sobre o assunto. Todos a favor da aprovação do projeto, apontando “benefícios” e os “riscos” que sua rejeição representa para o país. E nenhum especialista, uma linha, uma palavra sequer  contra a aprovação da medida. Para a Folha jornalismo imparcial, de ouvir os dois lados, é isso…
Resistência vigorosa dos trabalhadores nas ruas levou à derrota e ao recuo.
Não importa. O que aconteceu nesta semana com esta resistência maciça e vigorosa dos trabalhadores prova que temos capacidade de mobilização e luta. O caminho é esse, não há a menor dúvida: pressionar os deputados nas ruas e nas redes sociais para derrotar os pontos do projeto que violam direitos trabalhistas e sociais e, se possível, provocar até a  sua retirada.
Se conquistada, essa retirada abrirá negociações entre as centrais de trabalhadores, a FIESP, Confederação Nacional da Indústria (CNI) – duas das mais empenhadas na proposta que o ex-presidente Lula classificou como “a quase restauração da escravidão no Brasil” – e a Câmara, cujo presidente, deputado Eduardo Cunha, anuncia que vota o restante da proposta semana que vem, de qualquer maneira, mesmo sem consenso.
Resistência, então, é a palavra de ordem agora. Ainda que passe algo na Câmara quando da votação dos destaques, tudo indica que o projeto não passará no Senado, onde a oposição já está dividida exatamente pela pressão das ruas e redes sociais. Já que a mídia não o faz, fazemos nós: há que destacar a posição firme e de luta da CUT.
Ela tem dado sucessivas demonstrações de que o caminho que devemos seguir para barrar a aventura golpista da oposição, capitaneada pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso e pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Agora, também, o DEM, o PPS, o PV e o Solidariedade do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) e da Força Sindical, central que apoiava outro projeto de terceirização apoiado pela CNI.
Mobilização é o caminho para barrar aventura golpista da oposição capitaneada por FHC e Aécio.
De FHC ao solidariedade, passando por Aécio Neves, todos agora decidiram ao arrepio da lei e da Constituição apoiar a posição dos setores mais radicais que tem liderado os protestos contra a presidenta da República e o PT. Felizmente, e num sinal de absoluta falta de liderança e direção política foram arrastados pela fraseologia radical de lideranças de extrema direita, um péssimo sinal do nível de irresponsabilidade da oposição.
Nossa resposta deve ser esta mesmo, não pode ser outra: cerrar fileiras na defesa do mandato constitucional da presidenta Dilma e ir para as ruas e as redes defender seu governo e nosso legado desses 13 anos de administração petista. Às ruas, portanto. Sem medo e com a certeza absoluta de que a maioria de nosso povo, se confrontado com a verdade, não apoiará essa aventura golpista, o aventureirismo e o oportunismo  daqueles que não aprenderam com 1964 e com os 21 anos de ditadura.
Sobre a terceirização,  a derrota dos setores nacionais que se engajaram em sua aprovação, as ruas mobilizadas, o aventureirismo e o oportunismo políticos, não deixem de ler “Política, terceirização e ruas rachadas”, do Vinicius Torres Freire, publicado nesta 5ª feira na Folha de S.Paulo. Numa análise perfeita do momento político que vivemos, ele diz tudo.
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LULA : ¨NÃO DEIXAR APROVAR A LEI 4.330 É UMA QUESTÃO DE HONRA¨.

Lula durante a abertura do 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT (Foto: Ricardo Stuckert – IL)
Em Guarulhos nesta semana, durante sua participação no 9° Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT, o ex-presidente Lula destacou ser “questão de honra” que a presidenta Dilma Rousseff vete o projeto de lei que aumenta a terceirização no país e prejudica frontalmente os trabalhadores brasileiros. O texto-base do projeto de lei foi aprovado pela Câmara e os destaques serão votados na próxima semana.
Sob o lema de que o governo não pode aprovar um projeto que significa o retrocesso da luta trabalhista, o ex-presidente da República afirmou: “Não deixar aprovar a Lei 4.330 é uma questão de honra para a classe trabalhadora. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), com todos os defeitos que ela tenha, foi uma conquista do povo brasileiro”.
Ele também criticou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos mais ativos articuladores do projeto de terceirização: “O que o Eduardo Cunha não sabe é que a aprovação da lei nega tudo aquilo que vocês conquistaram ao longo de anos e anos de vida”.
O ex-presidente pediu apoio dos trabalhadores, enfatizando o papel fundamental da classe trabalhadora neste momento do país. “Dilma, se tem gente para te defender, para sair de uma enrascada dessas, é esse pessoal aqui”, afirmou. E disse à plateia, formada em sua maioria por sindicalistas e trabalhadores: “Entre os companheiros, a gente não mente e não vira as costas”.
“Neste instante, em que é mais fácil entrar no banheiro da fábrica e falar mal do governo, nós não podemos permitir que a infâmia, o maucaratismo e a má fé de algumas pessoas venham a destruir um projeto político que nós começamos a construir no país”, conclamou o ex-presidente.
Ele também passou seu recado ao governo. “Dilma, conte conosco para qualquer coisa, mas por favor tente fazer com que o Congresso Nacional respeite as conquistas históricas da classe trabalhadora brasileira. É o mínimo que nós queremos que aconteça nesse país”.
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