domingo, 17 de maio de 2015

Padilha: “É um desrespeito alguém imaginar que pode me agredir em público e fazer uso dessa imagem”

Padilha


Por Alexandre Padilha, em seu Facebook.


Toda vez que uma pessoa que nitidamente nunca passou pela dificuldade de não ter médico no seu bairro, comunidade ou família faz um gesto de ódio ao ‪#‎MaisMédicos‬, fico mais orgulhoso do programa que criei e implantei e de toda luta contra a intolerância, arrogância e descompromisso com os que mais precisam que empreendi quando Ministro da Saúde do Brasil.
Hoje os jornais estamparam mais uma vitória do Mais Médicos. A nova etapa mobilizou apenas médicos brasileiros. Atingimos o universo de mais de 18 mil médicos, atendendo mais de 63 milhões de brasileiros que não tinham médico. Isso foi possível por dois motivos. Diferente do desejo de alguns, dos cerca de 14 mil médicos recrutados a partir de 2013 a desistência foi ínfima até 2015. O segundo motivo é que o programa criado pela minha gestão no Ministério da Saúde em 2011 (PROVAB), que garante pontos para o concurso de residência (especialidade) para médicos brasileiros que atendem nas periferias revelou-se um sucesso e, agora, os inscritos em 2015 foram incorporados ao Mais Médicos.
Em junho de 2013, o governo brasileiro iniciou uma longa batalha para aprovar a implantar o programa Mais Médicos. Seu objetivo: levar à saúde para mais perto daqueles que, por não terem plano de saúde, por não poderem pagar por uma consulta particular, não tinham direito ao cuidado e ao acolhimento que só o atendimento médico pode oferecer em um momento de tanta fragilidade como o da dor, o da doença.
Na ânsia de afrontar os que mais precisam, a democracia é desrespeitada. A democracia deve ser exercida para a liberdade. Somos um país democrático também em suas ideias, em seus anseios. O respaldo do Mais Médicos não é dado por mim. É dado pelos brasileiros e brasileiras atendidos pelo programa, que antes ansiavam pela presença de um médico, e por mais de 80% de toda população brasileira.
O último ato de agressão foi inusitado. Hoje fui convidado para um almoço em um restaurante no Itaim Bibi (bairro de classe média alta paulistano) com amigos de infância. São pessoas com quem convivo há mais de 30 anos. Uma amizade que sobrevive a tudo: distâncias e diferenças futebolísticas e políticas. Os respeito, convivo, divirto-me com eles tanto como com as outras amizades, que conquistei ao longo da minha vida profissional em comunidades da periferia e da Amazônia brasileira e na militância política.
Talvez para a repugnância de alguns e dos detratores da intolerância, sim, tenho amigos da elite econômica paulistana e outros tantos tucanos, neoliberais e neoconservadores. Parte disso, pois minha família com muito esforço me garantiu a oportunidade de convivermos mesmas escolas e estudar na USP e na Unicamp. Divergimos em opções de vida, profissionais e na política, mas essas amizades sobrevivem apesar do clima de agressão, desrespeito, ódio e intolerância que alguns buscam aquecer no país e na nossa cidade.
Tudo ocorria normalmente quando de súbito um senhor que já se retirava começou a fazer um discurso, sendo filmado em vídeo pelo seu colega de mesa. Embora tenha buscado chamar a atenção do salão, talvez imaginando que seria solenemente aplaudido, foi absolutamente ignorado pelas dezenas de pessoas durante o seu ato de agressão. Apenas seu colega de mesa o aplaudiu. Após sua retirada, os garçons, as pessoas de outras mesas e o proprietário do estabelecimento prestaram solidariedade a mim. Meus amigos, que divergem das minhas posições políticas, ficaram indignados e certamente terão posições de maior rechaço a qualquer postura de intolerância, falta de educação e agressividade que alguns oposicionistas do Mais Médicos ainda alimentam pelo país. Paradoxalmente, episódios como esse são capazes de despertar cada vez mais as pessoas para que a democracia possa conviver com a diversidade e a diferença.
Já é um desrespeito aos meus direitos individuais alguém imaginar que pode me agredir em público e fazer uso dessa imagem. É um desrespeito ainda maior quando isso envolve direitos individuais dos meus amigos, que ao contrário do que pode-se pensar, não possuem nenhuma vinculação partidária nem política comigo.
Essas agressões não me abalam. Enfrentei alguns colegas de profissão para defender o Mais Médicos. Pelas pessoas beneficiadas pelo programa, venci preconceitos e mentiras. Não é qualquer coisa que me deixa perder o rumo e o foco. Muito menos me faz levantar de uma mesa repleta de amigos. Tão pouco me impressionaria com um agressor e um aplauso solitários de quem não encara um debate democrático e prefere a agressão e a fuga.
No ano passado, percorri todas as regiões do Estado de São Paulo – o que possui a maior elite econômica, o mais rico do país e o que mais pediu por profissionais do Mais Médicos desde a primeira fase até hoje -. Não foram poucos os depoimentos de agradecimento pelo programa. Ter a certeza que o Mais Médicos mudou a vida de milhões de brasileiros é a confirmação de que estamos melhorando a vida das pessoas, principalmente das que mais precisam, cada vez mais. Ainda precisamos fazer muito para melhorar a saúde do país. O Mais Médicos é apenas o primeiro e corajoso passo, dado enquanto fui ministro da Saúde pela presidenta Dilma, para que a saúde brasileira seja universal.
Posso deixar alguns frustrados, mas saibam que agressões como essa não me inibem, não reduzem meu convívio com amigos, sobretudo os não petistas, nem farão com que eu deixe de frequentar qualquer lugar. Sou feliz por ter amigos no Itaim Bibi e no Itaim Paulista e gosto muito de cultivá-los. Tenho muito orgulho de ter criado o Mais Médicos e, como disse, já enfrentei muito mais do que agressor solitário para implantá-lo.
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Ex ministro Alexandre Padilha, ridicularizado em restaurante.





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A imbecilidade agressiva do homem que atacou Padilha. Por Paulo Nogueira.



Amaral quando brincava de aviãozinho no tempo da Bra
Amaral quando brincava de aviãozinho no tempo da Bra.

Nelson Rodrigues escreveu, algumas décadas atrás: “Os idiotas perderam a modéstia.”

É uma frase que conserva a atualidade cortante, e que se aplica perfeitamente ao palhaço – usemos a palavra correta – que interrompeu o almoço de Padilha em São Paulo.
O nome é Danilo Amaral. Advogado e executivo.
Que você seja antipetista radical, tudo bem. Que bata panelas e se enrole em bandeiras e vá a manifestações na Paulista, tudo bem.
Mas chamar a atenção para si num restaurante para fazer um discurso que ninguém pediu, bem, aí você é um mentecapto.
E a pior espécie de mentacapto: o arrogante. Presunçoso. O mentecapto exibicionista.  Exatamente aquele que, como disse Nelson Rodrigues, perdeu a modéstia.
Um imbecil que pede a palavra num ambiente público só pode falar bobagens, e com Amaral não foi diferente.
Ele conseguiu criticar Padilha pelo maior acerto de Dilma no primeiro mandato, o programa Mais Médicos, que levou assistência a milhões de brasileiros sem as mesmas condições financeiras de Amaral.
Não foi sua única manifestação de pobreza mental. Ele chutou um número sem pé nem cabeça: 1 bilhão. Este teria sido o custo do Mais Médicos.
Como disse uma internauta, Amaral lembrou aí Levy Fidelix, com suas quantias estratosféricas, declamadas umas após as outras, inteiramente sem sentido.
Comédia à parte, pessoas como Danilo Amaral são um perigo. O ódio as governa. Hoje fazem uma palhaçada, mas que poderão fazer amanhã, sem controlar a raiva irracional que as domina?
Todos lembramos aquele norueguês sinistro que, tomado progressivamente por um tipo de ódio sem freios pelos muçulmanos, acabou matando dezenas de jovens.
Vamos esperar uma tragédia para enfrentar o desafio da raiva insana que é a marca hoje de um grupo que perdeu as eleições e, estimulado pela mídia e por políticos como Aécio, não conseguiu aceitar a derrota?
Amaral, particularmente, é uma triste figura na vida profissional – e é possível que seu fracasso pessoal pese em seu comportamento.
Muitas vezes procuramos culpados fora de nós para nossos fiascos.
Amaral enterrou, como vice-presidente, uma companhia área, a Bra, que chegou a ter 4,5% do mercado nacional.
Depois, anunciou à mídia que iria ressuscitá-la, agora como presidente. Nada. A agência que regula a aviação brasileira cataloga a Bra como, simplesmente, “inoperante”.
Ninguém sabe direito o que Amaral faz hoje depois da Bra além de bravatas ridículas como a que promoveu no restaurante.
Fora tudo, ele acabou acertando a si mesmo. O vídeo vazou, e sua identidade se tornou conhecida da pior maneira possível.
Quem, fora os igualmente enraivecidos e obtusos, respeita um sujeito que faz o que ele fez?
Nas redes sociais, pessoas que se condoeram da agressão a Padilha começaram a espalhar a ficha de Danilo Amaral.
Até seu telefone foi compartilhado.
Isso significa que acabou seu sossego, e o de sua família.
Como os idiotas de que falava Nelson Rodrigues, ele perdeu a modéstia. E, com ela, a paz.
Quis ser espirituoso e humilhar outra pessoa. Foi apenas um imbecil que se autodesmoralizou com um gesto tão repulsivo.

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Como funciona a fábrica de infâmias contra Lula na internet.


Contra ele, vale tudo na imprensa
Contra ele, vale tudo na imprensa.

O professor Gaudêncio Torquato não é exatamente um jornalista mirim.

Ele milita no jornalismo há décadas, e é um acadêmico sério e respeitado.
Por isso mesmo me chamou a atenção um tuíte que ele postou hoje a respeito de Lula.
Ele comprou, sem o menor senso crítico, o texto de um artigo do Estadão cujo título dizia que Lula reconhecia que seu projeto político estava “esfarelado”.
Pelo título bombástico, eu tinha lido na internet o texto.
Bem, para resumir, era uma tremenda duma futrica. Não havia nada de consistente. Era aquela coisa: X disse isso, Y acrescentou aquilo e Z confirmou tudo.
Não é jornalismo sério. É partidário.
Isso tem acontecido na imprensa brasileira, nos ataques a Lula. Parece haver uma editoria nos jornais e revistas cuja atribuição é publicar coisas contra Lula.
Vale tudo.
Nenhum chefe cobra os repórteres dessa editoria. E as pseudo informações, mesmo quando claramente desmentidas pelos fatos, não custam o emprego a ninguém.
São dois repórteres que assinam a matéria do Estadão. Um deles é Andreza Matais, especialista em intrigas antipetistas.
Andreza é casada com Tuca Pinheiro, assessor de Roberto Freire, cujo ódio pelo PT não conhece limites.
Todos os dias, no Twitter, Tuca dedica-se a postar textos antipetistas, colhidos em sites como o da Veja.
Não há um artigo de Reinaldo Azevedo que ele não retransmita aos seguidores. Há um evidente conflito de interesses em Andreza: como uma repórter política pode trabalhar decentemente quando o marido é ferozmente anti-PT?
Andreza é casada com um antipetista militante, e mesmo assim cobre política
Andreza é casada com um antipetista militante, e mesmo assim cobre política
Faça as contas.
Qual o valor de uma “informação” de Andreza quando se trata de atacar Lula? Com todo o respeito: zero multiplicado por zero.
Lula teria que ser muito ingênuo para sair por aí falando, a tagarelas que depois passariam suas palavras a Andreza, que seu projeto estava “esfarelado”.
E ingênuo ele não é.
Temos, portanto, um texto sem nenhum valor.
Mesmo assim, o professor Gaudêncio colocou em seu Twitter o pseudofuro de Andreza.
Como um principiante, e não um veterano, anunciou, triunfal: “Novidade, novidade!” E publicou a “autocrítica” de Lula.
O episódio mostra como se forma a corrente de boatos que, para analfabetos políticos, se transformam em verdades absolutas.
O tuíte obtuso de Torquato foi retransmitido, por exemplo, pela jogadora de vôlei Ana Paula.
Pouco tempo atrás, Ana Paula virou motivo de piada na internet ao condenar o “emparelhamento” do STF por conta de Fachin.
Ana Paula tem o mesmo perfil de celebridades B como Lobão e Roger do Ultraje. É uma analfabeta política que acredita que o Brasil vai se transformar numa imensa Cuba.
Para ela, graças ao professor Torquato, Lula já se rendeu aos fatos e está prestes a desistir de tudo.
Por aí você tem uma ideia do círculo viciado das “notícias”.
Andreza fabrica alguma coisa, retransmitida por pessoas como o professor Torquato. E a fabricação vai dar em gente despreparada intelectualmente como Ana Paula.
E dela vai chegar a muitas outras pessoas, que depois baterão panelas e irão protestar na Paulista, enfiadas em camisas da seleção e balançando, ululantes em sua ignorância, bandeiras nacionais.
Faz tempo que não sei do professor Torquato. Esperava mais dele, francamente.
Espero que tenha sido um caso puramente de inépcia, de não checar as afirmações.
Porque a outra hipótese é pior.
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