terça-feira, 5 de maio de 2015

PT, Ideologia e política, direita inimiga do Brasil, esquerda no poder e luta pelo socialismo.


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O negócio é o seguinte: o Brasil está a passar por um processo de profundas mudanças, que vai durar, até se completar, muitos anos, quiçá, décadas. Este processo é o mais complexo, o que gera mais reações e o que mais revolta os “bem-nascidos”, os ricos, os que controlam os meios de produção, aqueles que são chamados de “elites” e fazem parte da plutocracia ou servem a ela, como seus executivos ou nos papéis de servidores públicos de alto escalão e peças-chave dos interesses da burguesia, a exemplo dos delegados aecistas da Polícia Federal, de promotores do Ministério Público e de juízes, principalmente os dos tribunais superiores, como o STF, o TSJ e o TSE, sem generalizar, evidentemente.

Não esqueçamos também que muitos membros da Receita Federal também trabalham em prol dos interesses do grande empresariado, de partidos conservadores e de oposição, como o é, sem sombra de dúvida, o PSDB, partido que jogou ainda na década de 1990 a social democracia no lixo e que há mais de 20 anos é o legítimo representante da sociedade de classes imposta por um sistema de capitais que favorece apenas 1% da população, casta esta que tem o apoio, inacreditavelmente, de coxinhas de classe média, que, lamentavelmente, repetem e repercutem como papagaios de piratas os valores e os princípios de uma burguesia cujos princípios se resume a um só: explorar ao máximo a classe trabalhadora e resolver os antagonismos e conflitos sociais com os porretes das polícias e da imprensa de mercado, em forma de manchetes, manipulações e mentiras.

Sabedora de que os tempos são outros, a grande burguesia, que integra o establishment em termos mundiais, percebeu que somente por intermédio dos partidos de direita não conseguiria combater um partido do tamanho e força do PT, histórico, socialmente orgânico, ligado umbilicalmente à classe trabalhadora, cujo líder é um político carismático, de esquerda, trabalhista e socialista. Tudo o que a direita historicamente escravocrata e violenta deste País detesta, e, por sua vez combate, sem trégua, os políticos e os partidos populares que conquistaram o poder central desde quando o estadista Getúlio Vargas “apeou do cavalo” a República Velha, por meio da Revolução de 1930.   

O PT, ao conquistar o poder, com disposição para fazer as reformas necessárias para que o povo brasileiro tenha acesso a uma vida de melhor qualidade e o Brasil se desenvolva sua economia, em setores como infraestrutura, saúde e educação, mexeu em um vespeiro sem tamanho e com poder para tentar todo tipo de golpes baixos, inclusive apostar na “intervenção militar”, um eufemismo hipócrita e barato para se tentar um golpe militar e utilizado, de forma cínica, pelos coxinhas fascistas que andaram a perambular, ridiculamente, as ruas das capitais deste País, porque, seis meses após as eleições presidenciais vencidas pela quarta vez consecutiva pelo PT, políticos derrotados, como o tucano Aécio Neves, juntamente com seus aliados exemplificados nos partidos de oposição, nas mídias de mercado e em setores públicos, como o MP e o Judiciário, ainda não conseguiram digerir a derrota.


Enquanto isto, o Governo Trabalhista de Dilma Rousseff luta para não ficar parado e ter seu programa de governo engessado por uma direita que se recusa, terminantemente, aceitar um Brasil democrático, justo, que inclua as pessoas ao invés de excluí-las, como sempre se fez desde quando os portugueses aportaram em Porto Seguro, na Bahia. Lula e Dilma apenas estão a dar sequência ao que foi interrompido, abruptamente e violentamente, em 1964, quando as “elites” brasileiras traíram a Pátria brasileira ao se aliar aos Estados Unidos para derrubar João Goulart, do PTB, um presidente constitucional, eleito legalmente, com maioria de votos, inclusive com mais votos do que Jânio Quadros, que renunciou.

Naqueles tempos os candidatos a vice-presidente eram eleitos pelo voto direto. Jango também teve mais votos do que Juscelino Kubitschek, em 1955, seu colega de chapa, mais conservador politicamente. Fatos esses indiscutivelmente históricos e que, sobretudo, evidenciam que a esquerda e os trabalhistas quando tem em seus quadros líderes nacionalistas compromissados com o Brasil e seu povo, torna-se quase que eleitoralmente invencível. Ponto. E por quê? Porque não tem como a maioria da população brasileira, que pertence às classes populares, não diferenciar, não perceber quando um político é ligado aos seus interesses do que aquele candidato que visivelmente é compromissado com a banca, ou seja, com os interesses da burguesia, das classes privilegiadas e dos poderosos conglomerados econômico-financeiros nacionais e internacionais.

E é exatamente esta realidade que acontece quando políticos nacionalistas e que tentam distribuir renda e riqueza experimentam, a seguir: tentativas de impeachment; golpes jurídicos; golpes de estado; ataques diuturnos por intermédio de manchetes e matérias da imprensa empresarial e alienígena dos magnatas bilionários; seletividade lamentável, criminosa e nada republicana da PF, da Justiça e do MP, quando se trata de fazer o “jogo” da oposição burguesa, ao apurar, investigar, denunciar, julgar e punir com prisão apenas os membros de governos trabalhistas e populares, porque o que está realmente em jogo é a permanência do Brasil como um País atrasado e que atende somente às demandas da Casa Grande ou a continuidade dos avanços sociais, econômicos e financeiros, conquistados pelos cidadãos brasileiros nos últimos 12 anos.

Não se trata meramente de conquistas aleatórias, porque elas tiveram seu início, efetivamente, no já longínquo ano de 1930 e continuaram a ser realizadas e concretizadas até 1954, quando o trabalhista Getúlio Vargas se matou com um tiro no coração. O tiro que adiou por dez anos o golpe militar, que ocorreu em 1964, com o propósito de estancar os avanços sociais e econômicos que já estavam a acontecer. Após a tomada do País pelos militares e empresários, o Brasil ficou à mercê dos ditames casuísticos e vampirescos do mercado por longos 38 anos, quando o trabalhista e socialista Luiz Inácio Lula da Silva conquistou, por intermédio do PT e de seus aliados, a Presidência da República.

O cargo mais alto e importante do Brasil voltou a ser ocupado por um presidente popular, mais do que popular, por um mandatário saído, realmente, do ventre do povo brasileiro, que é muito melhor, muito maior e incomparavelmente mais chique e corajoso do que a burguesia e a pequena burguesia (coxinhas) juntas, de modos e matreirices bregas e mequetrefes, rastaqueras e violentos, além de entreguistas, racistas e classistas, porque, irremediavelmente, sectários e patrimonialistas, subservientes e subalternos, pois traidores da Pátria, bem como portadores de inenarráveis e incomensuráveis complexos de vira-latas.

A resumir: as “elites” que a burguesia e o establishment norte-americano e europeu não querem se transformar jamais, porque apesar de ideologicamente reacionárias, ao menos são nacionalistas e historicamente lutaram pelo desenvolvimento de seus países e povos. Coisa que não acontece com a medíocre e incompetente Casa Grande tupiniquim, pois simplesmente, mas, com efeito, ela nunca pensou o Brasil e jamais vai pensá-lo, porque sua alma é escravocrata, mesquinha e predadora. Coitado do País que possui em suas terras uma classe dominante tão medíocre e irresponsável como a brasileira.  

Os donos do status quo, que não sonham e que secularmente tentam diminuir a amplidão dos sonhos daqueles que lutam por um Brasil mais democrático e com inclusão por meio de justiça social. Engana-se aquele que pensa que a evolução dos povos e das sociedades possa ser cristalizada ou congelada. Tentar barrá-la é antinatural e não convém à natureza dos seres vivos que formam o conjunto da humanidade. Quem pensa dessa forma rasa, mesquinha e que destoa, inapelavelmente, da verdade histórica da humanidade, está a dar um tiro no próprio pé. Por isto, vos direi: a retomada do poder por políticos e lideranças trabalhistas e esquerdistas significa a evolução da sociedade brasileira, que há mais de 12 anos elege governantes compromissados com o desenvolvimentismo, teoria e prática efetivada por políticos, economistas, administradores e pensadores que acreditam que as necessidades e as demandas humanas estão acima dos números e dos índices tão vergonhosamente colocados acima dos sonhos e das expectativas humanas pelos neoliberais, os fanáticos e fundamentalistas do mercado, os monetaristas senhores da guerra, em todas suas estúpidas formas e ações, bem como aqueles que tem como princípio moral e ideológico o péssimo, mas sábio adágio popular, que resume de forma simples e inteligente o que essa gente, sem eira nem beira, realmente pensa, apesar de suas mirabolantes “fórmulas” para enganar os trouxas, os afoitos, os desinformados, os apressados e os coxinhas: “pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

Por tudo isto e por causa disto, o sapiente povo brasileiro, mesmo se não conhecer a fundo a história deste poderoso País de língua portuguesa, sabe o que faz quando escolhe suas opções. E por quê? Porque este povo varonil, como afirma o hino, conhece profundamente as suas dores e as dificuldades pelos quais passou e vai passar. Por causa deste motivo, e somente isto basta, porque é tudo, que a direita não consegue vencer as eleições presidenciais, mesmo a ser dona de uma parafernália midiática agressiva, manipuladora e mentirosa, uma verdadeira máquina de moer reputações e destruir, sem trégua, aqueles que ela considera seus inimigos econômicos e políticos.

A burguesia e seus cupinchas replicadores de suas ideias e valores viciados e distorcidos compreendem a situação e estão desesperados, porque Lula, se estiver bem de saúde, vai concorrer às eleições de 2018. E o povo, como afirmei anteriormente, sabe onde o calo aperta e dói. Sem conhecer com detalhes a história do Brasil, por sua vez compreende que Lula e Dilma são os herdeiros dos legados dos governos Getúlio e Jango, ou seja, voltados aos interesses da Nação, da luta por sua independência e emancipação definitiva do povo, que é o sonho maior de todo brasileiro democrata, nacionalista e humanista, disposto a cortar as amarras, e, com efeito, lutar em prol do desenvolvimento total do Brasil, um País violento e vítima das desigualdades sociais e regionais.

De forma alguma se deve permitir que a agenda direitista, que aposta no atraso e no retrocesso, seja vitoriosa, e, consequentemente, imponha um projeto neoliberal, que se mostrou, em âmbito mundial, um fracasso retumbante, porque propõe e, o pior, efetiva a concentração de renda e riqueza, bem como vincula e subordina a diplomacia e o comércio exterior brasileiro aos interesses estrangeiros. Entretanto, os governos trabalhistas, do PT, tem lutado para que haja mais justiça social no Brasil. É o que está a ser feito. A duras penas, devagar, mas de forma sistemática e consistente. E é exatamente esse processo que a direita quer parar, custe o que custar. É o seu infame papel histórico.

Contudo, certos setores da esquerda ainda não tiveram a compreensão e a dimensão do que os governos trabalhistas estão a enfrentar. Se alguns a tiveram, é porque, de livre escolha, pularam o muro e resolveram, muitos deles até sem querer, aliar-se ao outro lado, o lado da reação conservadora. O “sem querer” não reflete os casos, por exemplo, de Marta Suplicy e do falecido Eduardo Campos, que, deliberadamente, fizeram, sendo que ela está a fazer o jogo da direita. Vaidade, picada de mosca azul e ambição desmedida, que colocaram em risco a eleição de uma presidenta compromissada com o desenvolvimento do Brasil, como Dilma, bem como denota a fogueira das vaidades, o inconformismo e o rancor de uma política petista que retorna para o berço da burguesia e atrai os votos de uma esquerda cor de rosa, desencantada com os tucanos e que na verdade sonha com a social democracia e não com o socialismo científico e real.

Penso no socialismo democrático, porque os tempos de hoje não comportam o socialismo iniciado na segunda década do século passado. Entretanto, o socialismo mantém sua essência, que é exemplificada na luta constante e sistemática por uma sociedade que inclua, onde a renda e a riqueza sejam divididas de forma mais equânime, e que a Judiciário, seguramente um dos pilares de qualquer democracia e nação, deixe de ser um braço da burguesia brasileira e passe a ser um poder da República que atenda aos anseios e à fome de justiça do povo brasileiro, fato este que, irrefragavelmente, não ocorre.

A luta política e pelo poder se dá nesse campo, porque o Executivo e o Legislativo, apesar de suas falhas e defeitos, são poderes abertos, já democratizados, expostos ao público, alvos de críticas e que cortam na carne quando necessário se faz afastar algum membro que “pisou na bola”. É o que não acontece com o Judiciário e seus juízes, que querem, nitidamente, transformar o Brasil em uma “República de Toga”, juntamente com procuradores e promotores vaidosos e muitos deles irresponsáveis, que estão, sem sombra de dúvidas, a partidarizar o MP e a ideologizar suas ações e a criminalizar a política. É o fim da picada. E quem vai processar essa gente, que, atrevidamente e ousadamente, quer combater um governo eleito pelo voto popular? Um governo cuja presidenta está a pôr na cadeia, por intermédio das investigações e repressões da PF, os ladrões de colarinhos brancos do dinheiro público.

As eleições de 2014 provaram e comprovaram que procuradores, policiais e juízes resolveram desfilar na passarela da política de saltos altos sob as luzes da ribalta. Seria cômico e surreal se não fosse trágico. E quem vai parar essa gente que trabalha como um justiceiro de máscara de filmes de heróis e vilões? Quem? Respondo: os órgãos de controle dessas instituições, que não devem jamais tergiversar sobre o que está escrito na Lei Magna e em seus estatutos corporativos, porque maior do que os homens e as mulheres componentes dessas instituições republicanas é a sociedade, ou seja, o povo brasileiro, único soberano, porque é dele que emana o poder. Ponto.  

Todavia, o socialismo não acabou, como pregam os lorpas e os pascácios da direita partidária e midiática, ideologicamente e intelectualmente sofríveis, porque não compreendem nem o que é o liberalismo e o neoliberalismo econômico, que nos países mais avançados sempre preservaram a educação de boa qualidade, equacionaram com maior sensatez a renda, os salários e primaram pela lógica de que bons empregos e melhores condições de trabalho vão permitir, como permitiram, o desenvolvimento de seus negócios e, consequentemente, o desenvolvimento de seus países, o que redunda em um sentimento coletivo de satisfação e paz social.

E é o que o PT tem feito, mesmo a ser de esquerda, porque a lógica dos socialistas democráticos e dos trabalhistas é melhorar as condições de vida da população e favorecer o desenvolvimento, por meio do fortalecimento do comércio interno, de investimentos estrangeiros que agregam valores e conhecimentos e das relações comerciais ampliadas, como fez Lula, político estadista, em parceria com o grande Celso Amorim, chanceler que compreendeu que o mundo mudou com o advento da derrubada das torres gêmeas nos Estados Unidos e com a crise econômica de 2008, que até hoje não foi debelada e que prejudica, e muito, os povos dos países considerados desenvolvidos.

A direita — a burguesia brasileira — é burra, porque nunca colocou em prática o que fez a direita dos países mais avançados. A Casa Grande desta Nação brasileira é pária, subalterna, subserviente e eternamente periférica. Sente-se satisfeita com as sobras dos países ricos e, para manter o status quo, reprime e rouba seu próprio povo, além de se aliar, desavergonhadamente, com os interesses da “gringada”, que ela tanto admira, ao ponto de sempre quando tem oportunidade tenta “abraçar o Mickey para dar uma de pateta”, enquanto o rato rouba-lhe a carteira. E ela ri e não reage, porque inexiste em nossa burguesia fibra e vergonha na cara. Comporta-se com intolerância e perversidade com os mais fracos e pobres. Por sua vez, abre as pernas para os ricos, ainda mais quando o rico é estrangeiro, de preferência dos Estados Unidos ou Inglaterra.

É uma lástima a direita, pária e apátrida, porque não racionaliza o porquê de pensar o Brasil. Por não racionalizar, nunca teve projeto para o País  e não gosta de seu povo inteligente e trabalhador, ao tempo que adora ganhar bilhões e explorar até a último suor aquele que é responsável maior pelos seus lucros exorbitantes: os brasileiros. Esta falta de visão e discernimento, só que de outro jeito e maneira, atinge também certos setores da esquerda, que se bandearam para o campo conservador, inclusive nas crises precedentes à morte de Getúlio Vargas e que se repetiram no Governo de Jango. O Partido Comunista, por exemplo, além de outras siglas de esquerda, combateram Getúlio ferrenhamente, caso similar ao que fez o PSOL, o PSTU e por fim o PSB.

Não perceberam que se alinhar às vozes da direita por causa de doutrinas e de espaços por poder é o caminho para o túmulo de governos populares, trabalhistas ou de esquerda, conforme o caso de cada presidente. É tudo o que a direita quer. E quando ela consegue seus objetivos, a primeira coisa que os direitistas fazem é perseguir, cassar, exilar, torturar e até mesmo matar seus adversários esquerdistas, inclusive aqueles “tontos” que com os reacionários compartilharam o combate aos governantes trabalhistas que chegaram ao poder.



O gaúcho Luís Carlos Prestes, o comunista mais notório da história do Brasil, disse uma vez, no tempo em que ele deu apoio ao PDT de Leonel Brizola, que muitos anos depois ele percebeu essas tolices da esquerda quando se divide e faz coro, inadvertidamente, com a direita. O PT tem projeto de País. A verdadeira direita sabe disso. Por causa disto é que o Partido dos Trabalhadores é tão combatido. É isso aí.

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