sexta-feira, 4 de março de 2016

IstoÉ segue Veja e insufla golpe midiático - Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que transformou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em réu na Lava Jato, mais uma vez a mídia golpista forja uma capa “bomba”. A revista IstoÉ seguiu o repertório mentiroso da Veja nas eleições de 2014 e adiantou a edição, que normalmente é circulada aos sábados, para esta quinta (3) com matéria que insufla o golpe contra a democracia.

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Por Dayane Santos


Assim como a Veja, o conteúdo “bombástico” desta matéria não passa da estratégia manjada de factoide para atacar o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff. A revista afirma ter tido acesso ao depoimento feito pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), pouco antes de deixar a prisão, em 19 de fevereiro.

“Revelações do senador à força-tarefa da Lava Jato, obtidas por IstoÉ, complicam de vez a situação da presidente Dilma e comprometem Lula”, diz a jornalista Débora Bergamasco, que assina o texto publicado pela revista. Segundo o semanário, o documento chamado por eles de “explosivo” continha todas as respostas que a direita golpista gostaria de ter ouvido dos delatores e não conseguiu: Dilma e Lula saberiam do esquema de corrupção da Petrobras e teriam tentado interferir nas investigações da Lava Jato. Ainda, como uma espécie de relato do fim do mundo, traz elementos sobre casos como Pasadena e mensalão, tudo “com extraordinária riqueza de detalhes”, disse a autora do texto.


Apesar das frases de efeito da revista, alguns pontos chamam a atenção. Todas as afirmações atribuídas ao senador Delcídio no dito depoimento citado pela revista são uma descrição feita por uma terceira pessoa. Isso causa estranheza: num documento de 400 páginas a redatora pinçou somente os trechos descritos por terceiros e não tenha nenhuma frase que seja resultado da transcrição literal do depoimento do senador.

Essa não é uma questão lateral. Recentemente, investigados da Lava Jato acusaram a força-tarefa de manipular a transcrição de depoimentos. Foi o caso apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre Marcelo Odebrecht em que a defesa do empreiteiro indicou divergências grosseiras entre um dos vídeos gravados por Costa à força-tarefa da Lava Jato em 3 de setembro de 2014 e o termo de colaboração que contém a transcrição do depoimento.

Mas ainda que o depoimento tenha de fato ocorrido, o semanário se esforçou em transformar as afirmações do senador em prova contundente e com fundamento jurídico para garantir o golpe contra a democracia.

Delcídio foi preso por ter sido flagrado, em gravação de conversa com Bernardo, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, dizendo que poderia influenciar os votos de vários dos ministros do STF.

Sem apresentar provas das graves afirmações, a publicação segue a tese do juiz Sergio Moro que disse, em artigo publicado em 2004, intitulado “Considerações sobre a Operação Mani Pulite”, afirma que o “largo uso da imprensa” permitiu a “deslegitimação do sistema político” e a construção de uma imagem positiva dos juízes”.

Isso explica os sistemáticos vazamentos de depoimentos por parte da força-tarefa da Lava Jato, comandada por Moro, tornando o processo de investigação um espetáculo midiático. Moro afirmou no artigo que a aliança com a “opinião pública pode constituir um salutar substitutivo, tendo condições melhores de impor algumas espécies de punição a agentes públicos corruptos condenando-os ao ostracismo”.

A proposta é transformar o Estado Democrático de Direito em um Estado onde se abre mão do devido processo legal, do direito de defesa e da presunção da inocência. Assim, os juízes se transformam em heróis e a mídia, em tribunal que julga e sentencia.

Enquanto isso, a oposição correu para a tribuna para tentar surfar no factoide, defendendo o impeachment e buscando insuflar o ato pró-golpe que convocam para o dia 13 próximo.

Eduardo Cunha, que passou a ser réu no processo da Lava Jato após decisão do STF nesta quarta (3), comentou em tom irônico: “Delação nos olhos dos outros é pimenta”. Considerado peça chave para manobrar em direção ao golpe contra o mandato da presidenta Dilma, Cunha não escondeu a sua satisfação com a publicação.


Do Portal Vermelho.
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Delcídio diz que não reconhece "autenticidade do material" da IstoÉ

Em nota, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirmou nesta quinta-feira (3) que não confirma o conteúdo da reportagem publicada na edição desta semana da revista IstoÉ, que traz um suposto depoimento que ele prestou à Procuradoria Geral da República (PGR).



 

Delcídio e seu advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, ressaltaram que, por não conhecer a origem dos documentos que basearam a reportagem da revista, não poderiam reconhecer a autenticidade do material.

Leia a íntegra da nota

Em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público, o Senado Delcídio Amaral e a sua defesa vêm se manifestar sobre a matéria publicada na Revista IstoÉ na data de hoje. À partida, nem o Senador Delcídio, nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto. Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestarmos sobre fidedignidade dos fatos relatados. Por fim, o Senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República.

SENADOR DELCÍDIO AMARAL
ANTONIO AUGUSTO FIGUEIREDO BASTO


Do Portal Vermelho

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