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O pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro. Foto Orlando Brito
OS DIVERGENTES
Na semana em que a exposição na mídia tradicional aumentou, a comunicação do deputado Jair Bolsonaro falhou em potencializar sua relevância positiva e o alcance de sua mensagem no Twitter. As métricas da pesquisa da AJA Solutions indicam que a fatia de visibilidade e relevância (R&V) de seu perfil cresceu entre seus seguidores, mas sua mensagem não conseguiu sensibilizar os demais usuários que acompanham as eleições no Twitter. Quando sua visibilidade rompeu os limites de sua rede, atraiu forte sentimento negativo, que superou largamente o apoio de seus seguidores.
Conhecidas táticas de ações coordenadas vêm sendo usadas para promover Bolsonaro no Twitter desde a semana passada, como revelam as métricas da pesquisa, a análise dos mapas gerados pelos algoritmos com as interações da rede e o salto repentino do padrão de curtidas e retuítes de seus posts. Essas táticas vêm funcionando por meio de grupos de fiéis seguidores – incluindo perfis que podem ser comparados aos cabos eleitorais das eleições tradicionais. Esse grupos curtem e retuitam em massa as postagens, promovendo hashtags e o perfil, para aumentar a visibilidade. O resultado deveria ser naturalmente um aumento de relevância da mensagem. No caso de Bolsonaro, sua visibilidade cresceu entre seus apoiadores nesta semana, mas teve ressonância negativa quando conseguiu chegar a perfis de fora de sua órbita.
A taxa de eficiência da comunicação de Bolsonaro tem sido baixa nos últimos meses e não melhorou mesmo com as mudanças táticas adotadas. Nesta semana, a falha na comunicação foi provocada em parte pela estratégia adotada por perfis de outros candidatos, de seus seguidores ou de opositores ao deputado, que evitaram até mesmo mencionar o nome Bolsonaro nos ataques a ele e em memes.
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Outros dois fatores que mais contribuíram para que a tática das ações coordenadas fosse ineficaz são: um erro da comunicação do perfil @jairbolsonaro no Twitter, com um tuíte, em 30 de julho, reclamando de uma matéria que ele equivocadamente atribuiu ao jornal francês Le Monde, quando na verdade tinha sido publicada pelo Tribune de Genève, da Suíça; e sua entrevista ao Roda Viva, também no mesmo dia. Juntos, os dois fatores geraram 62% da visibilidade de Bolsonaro na semana, mas tiveram predominância de rejeição e sentimento negativo.
O erro do tuíte sobre a notícia do Tribune de Geneve provocou apoio de parte de seus seguidores, mas engajamento negativo fora de sua rede. Contribuiu para o sentimento negativo, uma crítica de um influenciador da rede sobre o erro. Só o tuíte desse influenciador gerou visibilidade negativa correspondente a mais de 20% do total de R&V obtido por Bolsonaro na semana. Já os tuítes do perfil e as reações sobre a entrevista do deputado na TV Cultura foram apoiados por uma parcela do seu grupo de seguidores, mas o sentimento negativo correspondeu a quase ⅔ do total de ressonância gerada.
Em 2º no ranking de relevância e visibilidade da semana ficou Manuela D’Ávila, candidata do PC do B. Sua fatia no total de R&V aumentou 7,8 pontos percentuais, com predomínio de sentimento positivo. As métricas indicam também que ela conseguiu fazer sua mensagem ir além de sua rede de seguidores e a taxa de eficiência de comunicação do perfil dela no Twitter está entre as mais altas da semana.
Entre os políticos que têm boas posições nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Lula ficou em 3º, com queda de quase quatro pontos percentuais de sua fatia de R&V em relação à semana passada. Marina Silva (Rede) ficou em 6º, Ciro Gomes (PDT) em 7º e Geraldo Alckmin (PSDB) em 8º. Dos quatro, apenas Lula ficou acima do patamar de relevância – piso a partir do qual a mensagem do candidato tem ressonância e potencial para persuadir potenciais eleitores no ecossistema das eleições no Twitter.
Entre os candidatos com menos votos nas pesquisas de opinião, Guilherme Boulos (PSOL) ficou em 4º lugar, com perda de mais de cinco pontos percentuais de sua fatia de R&V, mas ainda ficou acima do patamar de relevância. João Amoêdo (Partido Novo) ficou em 5º, sua fatia de R&V perdeu 2,6 pontos percentuais e ele caiu abaixo do patamar. Álvaro Dias (Podemos) ficou em 9º lugar com R&V muito baixa e em 10º, Henrique Meirelles(MDB), com visibilidade irrelevante.
Nesta semana, a pesquisa da AJA analisou mais de 1,2 milhão de interações entre mais de 470 mil usuários no ecossistema das eleições no Twitter. Os mapas de relevância e visibilidade e de influência e afinidade dos pré-candidatos revela os erros, acertos e os caminhos que podem ser feitos para ganhar relevância na rede. Para continuar a leitura, clique aqui.
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*** *** Bolsonaro foi quem mais perdeu na escolha do candidato a vice.![]()
OS DIVERGENTES
Ao rebaixar para soldado raso o general-de-exército Antônio Hamilton Martins Mourão, provavelmente para aproximá-lo da sua patente de capitão, quando finalmente oficializou o seu companheiro de chapa e a coligação com o PRTB, o presidenciável Jair Bolsonaro não só reduziu sua obrigatoriedade de prestar continência ao superior hierárquico da caserna, mas também as suas chances de chegar ao segundo turno na eleição presidencial de outubro.
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General Hamilton Mourão, o vice de Bolsonaro
Militar linha-dura como ele, defensor de torturadores como o coronel Brilhante Ustra, o que os alinha a essa prática abominável de crime contra a humanidade, o general Hamilton Mourão nada acrescentará à chapa de Bolsonaro, pois os dois são uma soma de resultado zero. Ao render-se ao general, o candidato do PSL a presidente foi quem mais perdeu na escolha dos vices por manter-se preso ao quadrado em que foi sitiado nas entrevistas que concedeu à TV Cultura e à Globonews.
No presidencialismo de coalizão, as coligações vão além do tempo para a propaganda gratuita no rádio e na televisão. Nesse nosso sistema de governo, a governabilidade é buscada já a partir da formação das chapas que vão disputar as eleições, para depois ser confirmada com a formação das maiorias parlamentares. Por isso o partido A procura se juntar ao partido B para ampliar o espectro ideológico da chapa e assim atrair o maior número possível de eleitores.
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Geraldo Alckmin e Ana Amélia na festa do PSDB
Com sua candidatura de centro-direita sustentada pelo Centrão, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, foi buscar na senadora Ana Amélia, expoente da direita no PP do Rio Grande do Sul, a companheira de chapa ideal para minar Bolsonaro exatamente no Estado em que o seu balaio de votos se mostra mais recheado. Henrique Meirelles, do MDB, também nomeou o companheiro Germano Rigotto como vice para roubar votos de Bolsonaro e Alckmin do conservador eleitorado gaúcho.
Assim também fez Ciro Gomes, ao celebrar o noivado com a senadora tocantinense Kátia Abreu, do PDT como ele, mas ideologicamente à sua direita por representar o agronegócio. Até Marina Silva, da Rede, parece ter rompido velho namoro com o agronegócio e trouxe para a sua chapa o antigo companheiro do PV Eduardo Jorge, num movimento de sentido oposto ao de Ciro Gomes.
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E o que fez Jair Bolsonaro? Por alguns segundos de televisão do nanico PRTB, ele finalizou a composição da sua candidatura como samba de uma nota só. O general Mourão é um genérico de Bolsonaro, tem a mesma formulação química, o mesmo princípio ativo, fazem o mesmo efeito. Em dose dupla, como qualquer remédio, viram puro veneno e podem matar o paciente, ou o eleitor.
Como nas entrevistas às emissoras de televisão, ao escolher o general Mourão para vice Bolsonaro permitiu-se junto ao seu clone ficar preso ao passado de uma ditadura tão cruel e que até hoje gera seus efeitos, pela soberba dos comandantes militares que até hoje saboreiam a impunidade que premiou antigos companheiros de farda seguidamente reverenciados pelos crimes que cometeram. Em vez de mover-se em direção ao centro, Bolsonaro pode ter dado de lambuja a Geraldo Alckmin o lugar que parecia ser seu no segundo turno.
Quem escolheu Temer
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Michel Temer e Dilma Rousseff.
Nas entrevistas que concedeu à TV Cultura e à Globonews, ao ser cobrado sobre a participação do PSDB no governo do presidente Michel Temer, o ex-governador e candidato tucano Geraldo Alckmin (PSDB+Centrão) repetiu diversas vezes que “quem escolheu Temer foi o PT”. É verdade. O PT escolheu Temer para vice-presidente, mas quem o elegeu presidente foi o PSDB, somado aos votos do Centrão, PMDB, PPS, PTB e do PSB. Essa é a dificuldade do tucano em afastar sua candidatura do governo Temer.
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TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA = ALAGOA - AIURUOCA - DELFIM MOREIRA - ITAMONTE - ITANHANDU - MARMELÓPOLIS - PASSA QUATRO - POUSO ALTO - SÃO SEBASTIÃO DO RIO VERDE - VIRGÍNIA.
terça-feira, 7 de agosto de 2018
Comunicação de Bolsonaro não sensibiliza perfis fora de sua rede.
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