sábado, 13 de outubro de 2018

Intolerância – é esse o Brasil que a gente quer?


O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, fala à imprensa após gravação de campanha, no bairro Jardim Botânico, Rio de Janeiro.




OS DIVERGENTES



Certamente vamos virar tema de estudos da psicologia social. Quem sabe encontram alguma explicação razoável. Enquanto isso, todo cuidado é pouco, até para pegar um Uber – só nas últimas 24 horas ouvi dois casos de passageiras hostilizadas e ameaçadas por motoristas bolsonarianos porque confessaram simpatizar com Haddad. A onda de radicalismo e intolerância, que já havia produzido atentados como o que vitimou covardemente o próprio Jair Bolsonaro em plena campanha, parece aumentar exponencialmente, indo de surras e intimidações a assassinato. Não se trata mais de papo furado de eleição, quando muita gente dramatiza, politiza e até inventa casos de agressão. É realidade.
É como se, à medida em que seu candidato avança, vencendo o primeiro turno e liderando o segundo, além de criar filhotes nos estados, alguns eleitores venham se sentindo mais confiantes para cometer atos violentos e exercitar o radicalismo e a brutalidade. Destamparam uma panela de pressão sem desligar o fogo.
E agora? A imprensa preocupada pede calma e cobra dos dois candidatos declarações condenando as agressões, a violência, o assassinato. Mais uma vez, tratam igualmente os desiguais, comparando abacaxi com melancia, como se o eleitor petista estivesse no mesmo grau de agressividade que os bolsonaristas.
Todo mundo sabe que não é assim. O candidato que disse que ia fuzilar a petralhada é Jair Bolsonaro – que, muitos anos antes, havia ameaçado dar uma surra em Fernando Henrique Cardoso. Também é ele que pega criancinhas no colo e as ensina a fazer sinal de armas com os dedos – e que fez o mesmo gesto do leito do hospital onde quase morrera.
O que mais alarma não é um capitão reformado que sempre se elegeu deputado no nicho da direita radical ter esse discurso e continuar nele. O que assusta de verdade é a quase maioria que se forma na sociedade em torno desse personagem, que poderá se confirmar em duas semanas. Esse será o presidente da República.
E aí vem: o que aconteceu com o Brasil? De quem é a culpa?
A culpa é de muita gente, e vai das elites que nos governam desde o Brasil Colônia aos governantes mais recentes, passando pela camada da sociedade que não entendeu ainda que o bem estar e a segurança de todos depende do acesso de todos aos frutos do desenvolvimento.
Cheguei no Rio e peguei um táxi. O motorista boa praça, morador da Rocinha, contou como o tráfico e o crime organizado intimidam e controlam os moradores. No final, perguntei em que ele votava: Bolsonaro, é claro!

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