“Num tindi” a piadinha de Aécio Neves sobre a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda parecer-se com “colocar um agente da CIA dentro da KGB”.
Diz ele que a gracinha é de Armínio Fraga, só podia.
Se ele acha, por exemplo, que Levy é da turma de Fraga, Fraga é agente da CIA?
Se fosse, a CIA estava quebrada…
Pelo raciocínio de Aécio, Henrique Meirelles era outro agente da CIA na KGB de Lula, só que este no Banco Central…
No fundo, é a ideia torta de Aécio de que é o Ministro da Fazenda quem decide para que lado anda o país.
Uma espécie de “terceirização” do voto: o povo “contrata” o Presidente mas quem “faz o serviço” é o Ministro da Fazenda.
Claro que o Ministro da fazenda é peça importantíssima na definição da política econômica.
Mas não quem toma as decisões cruciais, como o próprio Lula demonstrou quando, na crise de 2008, Meirelles fazia jogo duro em baixar os juros e o presidente foi à TV espinafrar o tal de “spread” bancário e estimular os brasileiros a gastar no final de ano, lembram-se?
A função essencial de um Ministro da Fazenda é, sempre, arrecadar mais e gastar menos.
Cabe ao Presidente dizer-lhe “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”.
E deixar que tire de onde sobra e ponha aonde falta e é necessário, sempre no limite do possível e na direção do desejado.
Por isso, no presidencialismo, um é votado, o outro é nomeado.
Por isso, nem ministro da Fazenda nem presidente de Banco Central – viu, Marina? – não tem mandato, tem cargo.
Com todo o respeito, Ministro da Fazenda é como tesoureiro de empresa: tem de ter cara feia para cobrar, criar dificuldades para gastar, não se preocupar com o que dizem de sua mãe e pagar o que for mandado pagar.
Claro que, muitas vezes, por capacidade ou ambição pessoal, ele é mais que isso. E geralmente isso é desastroso.
Porque passa a gostar de ser político e político tem de dar sorrisos e atender ao que lhe pedem.
E política é com o Presidente, que a faz, por exemplo, indicando um Ministro da Fazenda que atenue a guerra aberta do “mercado” ao seu comando do país.
Os chineses já entenderam que não se faz uma potência econômica como os dois Joseph, o Stalin e o McCarthy, quando um mandava para o fuzilamento e outro para a cadeira elétrica aqueles que não rezavam o terço direitinho pela cartilha.
O nível de inteligência de Aécio Neves é a sua perdição, até mesmo dentro do PSDB.
Além de não entender de economia, o que é perdoável até mesmo para que, como ele, esqueceu em alguma gaveta o diploma de economista, Aécio não entende de política, o que é muito mais grave.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Aécio, o primário, acha que Governo se “terceiriza”
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